domingo, 30 de agosto de 2009

Quadrilha.

Eu sempre achei que o arroz da minha mãe era o mais gostoso do mundo. Pra mim ninguém sabia fazer arroz do jeito que ela faz e por essa razão raramente eu como arroz fora de casa. Um dia, no entanto eu experimentei o arroz da atual mulher do meu pai e vi que é igual ao da minha mãe. Fiquei pensando que isso é muito injusto. Eu gosto muito da mulher do meu pai, mas o arroz dela ser igual ao da minha mãe faz com que as pessoas sejam substituíveis e eu não sei lidar com isso.
Ontem eu vi esse filme novo com o Joaquin Phoenix, "Amantes", que fala exatamente sobre isso. O rapaz tem no seu horizonte duas mulheres, a vizinha problemática que tem um caso com um homem casado e um pai maluco e a filha de um casal amigo da família que é super ajuizada e louca por ele. É claro que é com a desequilibrada que ele quer ficar. É por ela que ele larga tudo e perto dela a outra, os presentes da outra, os cabelos bonitos da outra, as frases delicadas e o carinho se tornam irrelevantes. Só que a número 1 não gosta dele. Ela deixa ele na rua da Amargura e depois de quase tentar morrer afogado (como a Ofélia de Hamlet não era necessário mais água porque já havia lágrima suficiente) a segunda opção se torna plausivel.
A segunda pior coisa do mundo é ser o Plano B de alguém. E primeira pior é estar com alguém que é o Plano B. Estar com o Plano B significa que quando você vai dormir ficam latejando as angustias causadas pela rejeição do Plano A. Significa viver uma mentira que quando vier a tona vai distribuir mágoas para todos os lados. E o que é mais difícil, significa que todo aquele amor que o Plano B sente por você é desperdicio. Aquele dia que ele estava bonito, a noite de amor sincero e os elogios gostosos de ouvir são a toa. Ninguém esquece o Plano B, não é isso. O problema é que, pelo menos comigo, eles perdem a ultilidade. E aí eu não sei ir embora. Ninguém vai embora impunemente. Eu, uma vez tentei ser honesta. Sentei com o rapaz no CCBB em tarde de estréia da peça do Sérgio Brito sobre o Jung e falei que não queria mais. Chorei horrores, ele também e pronto, acabou. Ele me odeia até hoje. Da outra vez eu fui embora aos poucos, dando sinais, parando de ver e não dizendo mais que amava. Óbviamente no dia que ele entendeu o recado o desastre se deu, mas não havia mais o que fazer. Tem pessoas que mandam e-mails, outras param de atender o telefone e tem umas que inventam doenças na família.
E assim os Planos B se perpetuam e grandes paixões viram músicas tristes.

Um comentário:

  1. O arroz delas pode ser bom, mas a minha lasanha... pode falar: é insubstituível, né?! rsrs
    bjs,
    F.

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