quarta-feira, 30 de junho de 2010

As unhas.

Na semana passada, quando eu fui na manicure, levei um esmalte azul-escuro, quase preto, meio cintilante, que eu estava procurando há um tempão e que achei numa lojinha perto do meu trabalho. Ia pintar as unhas com ele, mas me lembrei que durante a semana teria um encontro e que homens não são muito afeitos a essas cores modernosas. Optei por um rosa clássico para garantir o sucesso das minhas mãos. Passei todos os dias, desde então, cuidando para que nenhuma unha descascasse. Não lavei louça, nem mexi com álcool. Olhei contente, várias vezes, para as minhas unhas, pensando no quanto elas estavam impecáveis. Hoje de manhã percebi que a unha do dedinho mindinho da mão direita estava quebrada. Cortei com alicate e lamentei o desfalque, mas não me abalei. Minhas unhas com certeza ainda agradariam. Quando deu meio dia recebi um e-mail desmarcando o encontro. Agora minhas unhas estão aqui, cor-de-rosa, solitárias e quase perfeitas. Tudo a toa.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A atriz.

Ontem a noite eu fui a Lapa com uns amigos. Fui a primeira a chegar no bar marcado e enquanto esperava os outros, fiquei do lado de fora, não gosto de sentar sozinha e muito menos de comer sozinha. Chegou a primeira amiga. Escolhemos a mesa do canto. Depois vieram os homens, pedimos mate, guaraná e pastel. Conversamos e rimos, os que fumam foram na rua, quem trabalha longe chegou atrasado e as mulheres comeram sobremesa. Quando já estávamos pedindo a conta, minha amiga me perguntou se a menina que estava sentada na mesa perto do banheiro era aquela atriz. Olhei e vi que era. É uma atriz nova, nordestina. Fez um filme recente,muito bom, que eu assisti do lado do Arthur Xexéu no Artplex um sábado a noite. No filme ela tinha cabelo grande, ontem estava curto. Que mulher bonita! Magra, bem magrinha, com uma faixa cor-de-rosa no cabelo, blusa de bolinhas e meia calça de bailarina. Estava sozinha, toamando chope e comendo pastel. Sozinha na segunda a noite gelada da Lapa, véspera de jogo do Brasil. Não sei se tenho inveja dela, acho que um pouquinho, mas a admiro muito.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Anoitecendo o sonho.

Sempre gostei de vestido de noiva. "Quatro casamentos e um funeral" foi um dos filmes que eu vi mais vezes justamente por adorar festas de casamento. Fui madrinha de dois amigos, me maquiei, fiz penteado e subi no altar. Confesso que gosto dessa cafonice toda. Talvez alguns juramentos sejam mentira, mas e daí? Se é verdade na hora, vale a pena.

Desde que entrei na vida adulta, me acostumei com a idéia de que jogar o buquê não era pra mim. Não cheguei a sofrer com isso, foi uma constatação. No entanto, de uns tempos pra cá, especialmente depois que eu assisti a um programa sobre noivas em que foi feita uma entrevista com o costureiro do vestido da Juliana Paes (a mulher mais linda, simpática e feliz do mundo), meu desejo mulherzinha reprimido veio a tona.

Passei a me imaginar constantemente vestida de branco, com um vestido clássico, sem muita frescura. Penso no meu cabelo, nas flores que usaria para os arranjos da igreja e nas pintinhas dos meus ombros sendo exibidas saudáveis e imperfeitas.

Li um texto na Piauí sobre um casal que convidou um poeta para celebrar o casamento deles. Não poderia ter sido melhor a idéia. O artista, cujo nome eu esqueci (imperdoável), disse no seu rápido discurso anterior ao "sim" que quando um dia foi bom a noite chega rápido, e que portanto, casar é anoitecer, é perguntar: "Como chegamos aqui?". Achei emocionante.

Meu primeiro namorado vai se casar agora em julho. Vai ter igreja, festa, padrinhos e etc. Meu primeiro namorado era mais apaixonado por mim do que qualquer homem já foi (e alguns foram). Nós queríamos um casamento com toda a pompa e circunstância, imaginávamos casas pequenas com varandas e crianças. Eu desisti da coisa toda, pulei do barco, naufraguei sozinha daquele amor. Fui atrás de uma angustia que não me abandonou até hoje, 5 anos depois.

Desejo toda a felicidade do mundo a esse meu primeiro namorado, mas sinto inveja dele. Sinto inveja por ele ter encontrado um amor, por ter sido feliz com uma pessoa, coisa que eu sonho tanto em conseguir. Sinto inveja por ele ter me superado, já que eu estou demorando tanto a superar a minha última investida amorosa. E o que dá mais raiva é a certeza de que não podia ser eu ao lado dele. Amar esse rapaz não era uma opção. Ele não é pra mim e eu não sou pra ele. Me sinto como naquela música do Legião, "Maurício", "a solidão até que me cai bem".

No sábado de madrugada um grande amigo que estava num casamentaço na Mansão Rosa, me mandou uma mensagem com um verso de um funk que eu vivo cantando. Quando a música tocou na festa ele se lembrou de mim. Por causa disso, tenho me imaginado vestida de noiva dançando até o chão e beijando o homem da minha vida até o fim da festa. Lamento a impossibilidade quase total disso acontecer, de eu anoitecer (e amanhecer) com alguém e espero que esses devaneios burgueses passem rápido. Eles doem muito.