terça-feira, 18 de agosto de 2009

Eu te conto como foi meu dia.

Eu tinha cinco minutos. Ia atravessar a rua. Do meu lado tinha um rapaz branco, alto, que usava calça jeans e ouvia música. Fiquei olhando pra ele, mas ele não me olhava. O sinal fechou. Eu odeio quando exatamente na hora de atravessar a pessoa que está na minha frente muda de idéia em relação ao caminho que vai seguir e vira bruscamente para o meu lado causando um engavetamento natural que começa por mim.
Tinham vários lugares vendendo chocolate e eu não parei em nenhum. Só quando cheguei me dei conta de que ia sentir vontade de comer doce mais tarde. Eu tenho preguiça de comprar no camelô e volta e meia o chocolate que eles vendem está velho e aí fica quebradiço, é horrível.
Tinha um senhor atrás de mim quando eu tentava passar por um cruzamento super movimentado do lado de uma obra inconstitucional no Tribunal de Justiça, que não parava de falar pra eu aceitar Jesus. Quase que ele me manda direto pro Céu de tanto que ele me atrapalhou a desviar das aeronaves dos desembargadores.
Cheguei. Estava quente. Preguiça de ir beber água, preguiça de fazer xixi e ajeitar a blusinha de dez reais no espelho. Toda vez que eu chego tiro os pés do sapato e encosto no chão fresquinho. Eu e a Catarina do meu livro favorito da infância adoramos essa sensação.
Toda vez que toca o telefone eu penso que é você. Alguém atende e não me interessa o assunto. Computador, fotografias, lápis 6B, novela, artistas com celulites, os meus problemas são maiores, não, todo mundo tem problemas. Eu tenho rompantes de egoísmo, mas não peço desculpas.
Abro a gaveta, guardo tudo no armário e vou embora. Escolho o lugar do ônibus. Vou sozinha perto do motorista. Ouço Weezer na Oi FM. A Praça Sães Peña as seis da tarde parece Madureira. A Praça Sães Peña as nove da noite parece Madureira. Eu nunca fui a Madureira. Inventei que fui pra tentar puxar assunto com um cara obsecado pelo subúrbio uma vez, mas nem funcionou.
A Rufles sabor Costelinha Barbecue que eu comprei no Mundial e que, de acordo com a propaganda é direcionada aos meninos, é muito gostosa. Ando na rua me sentindo injustiçada pelos amores contrariados. Em casa eu invento um macarrão enquanto não penso em nada.
A quem interessa o meu dia? Orkut, Twitter, blog e msn. Eu não me escondo de ninguém. Já é de noite e eu preciso estudar. Estou com sono, vou dormir. Quero ouvir uma canção de amor que fale da minha situação, de quem deixou a segurança do seu mundo por amor.

2 comentários:

  1. ñ perdeu nada por ñ ter ido em Madureira rsrs

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  2. Eu não sei se já fui pra Madureira. Na verdade, há vários bairros no Rio que eu não conheço, mesmo tendo passado muitos anos nessa cidade.

    Uma vez eu dormi no ônibus a caminho do colégio e fui parar em Rocha Miranda.

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