terça-feira, 11 de setembro de 2012

Quem quer morrer de amor se engana.

Quando eu tinha 17 anos e estava no terceiro ano do Ensino Médio, tinha uma professora chamada Corina, que as vezes vinha dar aula de História pra minha turma. Era como se fosse uma professora substituta. Ela era bem alta e um pouco gordinha. Tinha os olhos claros e o cabelo liso, cortado na altura dos ombros. Devia ter uns 40 anos. Tinha sido aluna do IFCS na graduação. Tive poucas aulas com ela, mas foi o suficiente para que eu não me esquecesse jamais. Tudo porque uma vez ela estava explicando a redemocratização e citou o Luiz Melodia em "Presente cotidiano" quando ele diz que "quem quer morrer de amor se engana".
Demorei pra conhecer essa música, mas nunca, nunca esqueci essa frase. E hoje, terça feira a noite, depois de uma traição, de um perdão e de muitas lágrimas, estou ouvindo repetindamente a versão da Gal Costa dessa obra prima. É tão bonito que me consola.
Tá tudo solto na minha vida. Momentos são momentos, muito drama. Meu corpo é natural da cama. Vou caminhar um pouco mais atrás sempre. Tudo gira, ai de mim. Tudo que é sólido desmancha no ar. Tá tão ruim, tá tão ruim...
Musica linda, vida merda.

Nacib

Recentemente li "Gabriela" do Jorge Amado, como vocês sabem, e, como talvez seja a tendência geral de todas as mulheres, me identifiquei com a protagonista em vários aspectos: na dificuldade para se adaptar aos sapatos fechados e no não saber disfarçar o sono em conferências de pessoas importantes. Gabriela não pertence ao mundo em que vive, essa é uma angustia e tanto.
Porém, no último feriado, a vida me concedeu a oportunidade de ocupar um outro lugar: o de quem, justamente por estar extremamente inserido no mundo em que vive, sofre. Passei a ser Nacib agora.
Nacib, homem corpulento, amável e empreendedor, ao se apaixonar por Gabriela, quis fazer para ela tudo o que pode ser feito de melhor a uma mulher. Quando se deu conta de que ela o fazia feliz, parou de pensar no que os outros diriam e a levou com ele. Algumas de suas imperfeições admitia, outras tentava consertar. E assim passando os dias, foram sendo um casal.
Mas acontece que um dia o desejo de liberdade de Gabriela foi maior do que o amor que ela sentia por Nacib porque para algumas pessoas o amor não é compátivel com amarras, mesmo que pequenas. E, sem grandes crises de consciência, ela o traiu. Não o fez por paixão, mas pela ousadia de achar que tinha esse direito. Fez porque precisava conquistar e se sentir conquistada.
Ah, se Gabriela soubesse a tristeza e a humilhação que causaria em Nacib, o enorme arrependimento que ele sentiria por ter entregado seu mundo nas mãos da moça, talvez não tivesse ficado quieta. Nacib se afasta de Gabriela no livro e retoma a sua antiga rotina depois de muito chorar. Volta a ver uma mulher hoje e outra amanhã, dorme sozinho e frequenta os eventos que a cidade proporciona. Nas últimas páginas, no entanto, ele aceita Gabriela novamente, mas entende que para ser feliz com ela, não poderia ser apaixonado. Nacib perde a candura e deixa para sua amada a tarefa de ser espontânea. Para ele isso não serve.
Pobre Nacib, sábio Nacib.
Duro pra mim.

sábado, 1 de setembro de 2012

Mulher não pode ser insegura. Não é bom demonstrar saudade demais. Homem não gosta de mulher fácil e não valoriza as que morrem de ciúmes.
E a mulher, do que gosta? O que ela valoriza?
Eu procuro me sentir conquistada constantemente. O segredo está na novidade. Quero me sentir avontade, ser recebida com amor a cada telefonema, a cada encontro, a cada manhã depois de cada noite. Cansei de tentar entender do que os homens gostam. Quero ser eu a entendida. Me importa muito pouco que o Facebook seja uma ficção e que as informações divulgadas lá sejam para os outros, acho lindo quem posta fotos (discretas) que remetam ao amor. Não me agradam as constantes teimosias. Isso de "você sabe que eu sou assim" é mentira. No início ninguém é de jeito nenhum. O homem só se torna "assim" quando tem certeza que é amado. Essa certeza é muito perigosa.
Chegará o dia em que a mulher juntará suas coisas e irá embora. Aí o homem vai chorar no sábado a noite. E será tarde.