sábado, 27 de fevereiro de 2010

Te vi assim que te amei.

Você voltou pra mim nessa última tarde de verão
Intervalo dos dias de Sol
De você eu quero muito pouco
Mãos dadas e voz baixa me preenchem
Estive aqui todo esse tempo
quente, errante, sua
e hoje recupero os sentidos
Chorei na cama numa quarta feira de manhã
de dia chuvoso como esse
porque sabia que te amava
Toques, tapas, tecidos
e eu volto pra você.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Solidão ultramarina.

Sábado a noite sozinha. Não tenho amor e o sexo ready made que eu arranjei não estava disponível. Pensei em me jogar pela janela e escrever uma declaração explicando de quem era a culpa da minha desistência: De um homem e da minha chefe, mais dela do que dele.
Comi todos os chocolates, telefonei, li o que era possível e nada. Solidão não derrete com o calor. Decidi entrar no Bate Papo da UOL e exercitar a paciência que eu tinha aos 16 anos. O problema é que aos 24, quase 25 anos, a pergunta "Tc de onde?" soa péssima. Ainda assim continuei. Aos dois dias dos 25 anos nenhuma sala tem gente, só a de sexo. Entro com o nome "Deborah". Vejo os nicks menos sutis: "Pau grande come cu", "Buceta encandescente", "Garota molhada" e O "Casado safado" de sempre. Nada me apetece.
Num cantinho desse espaço virtual gelado tinha um "sozinho" assim, com letra minúscula. Puxei assunto. Me perguntou se eu também estava sozinha e por que. Não paramos de conversar. Não falamos sobre sexo. Os assuntos se estreitaram. Ele é angolano. Eu e ele buscamos companhia para os sábados vazios em salas de bate papo que se tornaram obsoletas.
Meu ready sex boy, que só serve pra isso e faz isso muito bem, não tem habilidade com a minha carência. O homem que eu amo conhece cada centímetro da minha tristeza, mas tem tumulto suficiente pra se manter longe pelos próximos 15 anos. Minha mãe me acha vulgar e minhas amigas são casadas. O "sozinho" angolano salvou a minha noite.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Again.

No Carnaval do ano passado eu estava com ele. Na quinta feira antes do início das festas todas, eu tinha ido ao cinema com ele. Eu não trabalhei na sexta-feira e passei com ele toda a noite. Lá pelas tantas a gente sentou na calçada do meu prédio e eu me deixei envolver pelas mãos que até hoje não foram embora de mim.
Amanhã é sexta e já é Carnaval de novo, mas ele não é meu. Ele não está. Nunca sei se a minha insistência em gostar dele sem esperança é maluquice ou intuição. Nunca sei.
Durante esse tempo eu tentei me envolver com as minhas coisas, foi assim que me aconselharam. Estudei, trabalhei, dancei, beijei outros, não beijei, liguei, fui, falei e aqui estou, de volta.
Hoje no jornal lá estava ele. E aqui estou eu. Ele não me lê. Nem precisa. Cada uma dessas palavras é desnecessária quando eu olho pra ele. Quando eu vejo homens parecidos com ele na rua e o meu coração acelera, não é preciso falar.
Juro que fiz o possível. Me entreguei a quem não queria e a quem me era conveniente. Não me arrpendo de nada, mas não posso arriscar sofrer mais. Tenho desgaste suficiente already.
Em "Paris, Texas", Jane, a personagem da Nastassja Kinski, diz que por meses teve conversas imaginárias com o homem que a tinha deixado. Ela conversava tanto e os diálogos eram tão reais que as respostas vinham instantâneas. Lentamente ela foi parando de ouvir a voz dele e falando sozinha. Quando foi trabalhar se exibindo em cabines eróticas, anos depois, disse achar que todos os homens tinham a voz dele.
Já esse homem, abdicou de rever a mulher que amava porque sabia do potencial insano daquele sentimento.
Eu sei o estrago que o Carnaval do ano passado fez em mim. Eu não esqueço. Pode haver homens melhores. Podem haver os que me amaram mais. Mas não há, nesse momento, ninguém que eu queira mais.
Foda-se a escrita repetitiva. Eu preciso falar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Carnaval.

Eu queria ter sido uma criança que se fantasiava de melindrosa no Carnaval. Queria ter ido aos bailes infantis do Clube Palmeiras de Iguaba Grande com as minhas amiguinhas, que passavam a tarde se arrumando para a festa. Mas quem tem avó evangélica e mãe antisocial não pula Carnaval.
Carnaval pra mim tem quase o mesmo gosto do Natal e do Ano-Novo. É sabor de desencanto, de utopia e quarta-feira de cinzas. Hoje, quando saí do cinema e vi a Cinelândia cheia, me dei conta do pré-desfile do Bola Preta. Pensei na disponibilidade para a diversão daquelas pessoas de chinelo e camiseta que como eu, trabalharam o dia inteiro, mas ainda estão animadas as dez da noite.
Na esquina da minha rua tinha um bloco passando. Passistas, baianas, bateria e gente feliz. Fiquei vendo aquilo tudo sozinha. Queria participar. Queria saias de tule e porpurina. É bonito demais o Carnaval. Atrás dele só não vai quem já morreu.