quinta-feira, 30 de julho de 2009

A princesa devassa e a festa lá em casa

Eu ia chamar a policia, mas não foi preciso. Resolvi dar uma festa aqui em casa. Vou ficar sozinha por 17 dias, já que o destino do amor não tem sido feliz, comemoremos.
A minha casa não é grande e a sala tem a parede rosa. Pensei em comprar uns pedaços grandes de chita pra forrar o sofá a mesa. Precisarei de cachaça, açúcar, limão, doritos, uvas sem caroço, leite condençado, chocolate, batata frita daquelas tipo CRACK (me lembram as festinhas da escola), pastinhas, Coca Zero, copinhos e pratinhos descartáveis e música boa, tipo shiny happy people na festa do "Tropa de elite", mas é lógico que a minha casa é bem menor do que aquela e que aqui não vai ter tanta gente.
Aí eu faço escova no cabelo, mantenho o esmalte Obcessão da Risque, coloco um vestido preto e um batom vermelho escuro bem forte porque ontem no GNT Fashion eu vi que é a tendência do inverno.
Dentre as possíveis atividades interessantes, além do Imagem e ação e dos jogos da verdade de sempre, haverá a Playboy da Priscila do Big Brother. Sério, parece que vai ser uma edição histórica. Eu que nunca comprei revista de mulher pelada estou aguardando anciosa por essa. Só nas fotos de divulgação já aparece ela de quatro pegando dinheiro com a boca. Sensacional. Adoro a Pricila! Porque assim, se é pra tirar foto pelada não dá pra fazer cara de boa moça, né? Essa coisa de sugerir a sensualidade, de nú artístico...isso é coisa de mulher chata. A Priscila é tão bem resolvida que não tem dessas frescuras, fez um ensaio arrazador mesmo. Convenhamos, a vulgaridade tem a sua importância. Romântismo é ótimo, palavras bonitas também, mas homens e mulheres de verdade quando virem a Princesa Devassa dizendo que gosta mesmo é de sexo anal, vão achar o máximo!
Reprimir a libido dá câncer. Muita gente deve morrer de tesão reprimido. Naquele filme "Notas sobre um escândalo" tem um diálogo que a Judi Dench diz pra Cate Blanchett que ela não sabe o que é estar tão sozinha e carente que até um esbarrão do trocador de ônibus te deixa excitada. É disso que eu estou falando.
E aposto que a maior parte desses infelizes que estragam os nossos dias são pessoas mal resolvidas sexualmente. Não precisa transar todo dia não, com o tempo a frequencia sexual diminui, eu sei, mas precisa se permitir, ser livre, sem vergonha, igual a Priscila!
Terminada a ode a felicidade é preciso dizer que nesses dias de chuva, em que o Sarney é o assunto que faz menos sentido e a lista de bons filmes em cartaz só aumenta, companhia é a palavra que se destaca ao mesmo tempo em que se ausenta.
Companhia para ir a São Paulo,para comer quebabs, para ir ao show do Marcelo D2, para dormir, lanchar, discutir Bourdieu, ir a praia e fazer nada.
É por isso que eu vejo tanta televisão. Eu sou audiência para solidão.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Musicas ruins para amores contráriados. - atualizado

Eu posso dizer uma besteira do tipo "Vou embora e você nunca mais vai me ver" que nem a menina do "Apenas o fim" fez, mas como talvez esse diálogo seja o único que eu não gostei no fime inteiro, achei que não seria legal.
Também posso inventar aquele papo de trabalhar num návio, ou de me mudar pra Dubai e ganhar em Euro, voltar rica, bronzeada e cheia de bugingangas do mundo inteiro na bolsa, mas eu sou muito apegada e além disso ainda acho que tenho coisas a tentar por aqui.
Há ainda a possibilidade da humilhação Eu digo que a minha vida não faz mais sentido, que as coisas perderam a graça e que alto aqui do sétimo andar, longe eu via você e a luz desperdiçada de manhã. Só que eu não estaria sendo verossimil. O mundo é cruel, mas se eu não digo Adeus nem para as amigas mentirosas, que dirá para o Planeta azul.
Outra versão para o meu futuro, essa muito mais feliz, seria dizer que eu estou super apaixonada pelo Eduardo Henrique, aquele engenheiro da Petrobrás que eu conheci numa festa em Laranjeiras. Estamos muito bem, vamos pra Europa em setembro e sábado agora ele vai me levar pra jantar no Antiquárius. Mentira deslavada. Eu não tenho assunto com engenheiros e me sinto constantemente atraída por individuos proletários que gostam mesmo é do Mc Donald's. Além disso, pra Europa eu quero ir sozinha.
Miriam Goldenberg tem razão: Nós mulheres, pecamos por achar que somos especiais. É isso. Eu me acho muito especial, muito talentosa, muito inteligente, com uma sensibilidade e uma perspicácia surpreendentes. Eu confio no meu bom gosto, tenho orgulho do meu enorme coração e acredito de verdade que o sexo comigo seja equivalente a visão da aurora Boreau.
As crises se dão justamente quando eu vejo que as coisas não são bem assim e que a minha companhia de repente nem foi a melhor, que eu não sou inesquecível e que os meus ângulos desarmônicos são sim perceptíveis.
Quando eu me dou conta que eu sou mais uma e que, inclusive, muitas vezes sou bem recebida pelas namoradas dos amigos justamente por não ser considerada atraente, meu mundo fica aos pedaços.
Eu ainda estou aqui. Eu ainda não desfiz as malas porque não consigo lidar com nada do que veio dele. O que eu tenho a dizer é que, não por opção, mas por resignação, eu espero ele voltar. E eu sei que isso passa.
Eu tenho consciência das minhas limitações. E a superação dos amores contrariados é a principal delas.
Em razão dessa dificuldade, eu preciso confessar que me identifico com algumas músicas de adolescente, tipo essa nova da Pitty, "que você me adora/que me me acha foda" ("foda" é a pior palavra de todos os tempos para se usar em música) que não é boa, eu sei, mas que tem aquela coisa da raiva gritando, sabe?
Então serve.

Atualisação: O meu comentário sobre a Pitty foi pouco elaborado. Ela é muito boa, só usa algumas palavras ruins, mas o conjunto da obra funciona. E o fato de os temas serem adolescentes não faz deles menores, Legião que o diga.

domingo, 26 de julho de 2009

Clarice Lispector não é para homens.

São três horas da manhã. A novela já acabou e o casamento também. Ainda tem Guaraná na geladeira. Se Clarice Lispector falasse aos homens talvez tudo fosse diferente, mas ela é muito desconexa, só quem é mulherzinha entende. São muitas palavras a mais, talvez deixadas para os gatos.
Café de madrugada. Desencontros. Hoje em dia a letra não precisa mais ser bonita e quanto mais distante da mãe o filho for, melhor porque nunca o mundo teve tantos Édipos numa só geração.
Os restaurantes comuns não dão mais balas, só as churrascarias. Quando eu tiver a minha casa vou comprar um daqueles baleiros antigos de mercearias suburbanas, que agora viraram peças de antiquário, pra colocar na minha sala.
Eu não entendo qual a razão da Globo trazer esses reality shows-aventura de volta. Big Brother até rola, mas isso aí já deu. Essa sensação de vertigem não me atrai.
Já diziam os Engenheiros do Hawai, muito sábios, que "você precisa de alguém que te dê segurança porque senão você cansa".
Alguém avisa aos homens que eles precisam dirigir? Alguém avisa que se isso de ficar em casa esperando a iluminação dívina aparecer já é chato em mulheres, neles então fica péssimo?
São três e quarenta e sete da manhã. Acho que vou pegar um avião, vestir uma burca e me colocar disponível para casar com um árabe super machista e tradicional, que não tenha bigode. Eles devem ser menos frescos. O único problema é que ele vai ter que me deixar ouvir músicas ocidentais no Palácio (ou na catacumba, whatever). Eu sempre gostei do Marcelo D2, mas ultimamente tenho gostado mais. Acho ele o bom oportunista, talentosíssimo, mesmo falando sempre sobre as mesmas coisas.
Será que o árabe iria comigo ao show dele semana que vem? Acho que sim. Árabes devem ser sensacionais. Por isso que a Princesa Diana arrumou um. Devem ser super viris, inteligentes e bem menos cliches do que nós. E ainda tem as comidas! Definitivamente, esses esteriótipos que a gente cria são tão ridículos, não é?
Acho que vou voltar a sonhar com o Wagner Moura.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

loosing my religion

Eu ainda não entendi muito bem como funciona a prevenção a nova gripe, mas vi ontem no Jornal da Globo que o arcebispo de São Paulo pediu que nas missas os fiéis não dessem as mãos durante o "Pai Nosso" e que o rito da "paz de Cristo" fosse evitado. Oras, as pessoas estão ali compartilhando fé, cantando, uma do lado da outra naqueles bancos estreitinhos de igreja. Gente com reumatismo se ajoelhando, homem chorando, adolescentes pedindo pra passar de ano, mulheres pedindo pro marido largar a bebida, amantes pedindo para serem assumidas, traídos pedindo consolo, entre uma infinidade de outras possibilidades.
Como dizer a essas pessoas para que elas não deêm as mãos? Será que esse padre realmente acha que entre o toque e a respiração existe muita diferença? Eu posso estar enganada, posso ser uma total ignorante sobre os sintomas da doença, mas me parece um equivoco. A cerimonia perde completamente o seu sentido. Se é para não tocar no próximo, talvez fosse melhor suspender o encontro, não?
Houve um tempo, durante a adolescência, em que eu frequentei a missa. Nossa, Além dos hinos, que eu adorava e que me acompanham até hoje nos momentos de desespero(sempre que eu acho que vou ser assaltada eu tiro um hino antigo do baú e canto baixinho), a parte que eu mais gostava era a Paz de Cristo. É um momento tão feliz, todo mundo é igual, todo mundo se abraça. É super emocionante. E o homem manda evitar justamente isso?
A Igreja Católica tem muitos problemas, todos nós sabemos, mas apesar de não frequentar mais, eu acho interessantíssima a forma como ela se constituiu no Brasil. Não existe o apelo da Salvação, que na minha opinião é o grande erro dos evangélicos, essa mania de achar que o céu é deles, a pretenção de levar a verdade as almas perdidas...
Na Igreja Católica brasileira ou pelo menos na carioca, que é a única que eu conheço, o processo é mais individualizado. Eu nunca fui abordada e indagada sobre a razão da minha presença ali. Eu ficava na minha, discordava de um monte de coisas, mas ué, eu também não compartilho da opinião do Diogo Mainardi e no entanto gosto de ler o que ele escreve. O objetivo final não é o convencimento, mas sim a paz de espírito. O negócio é você sair dali se sentindo bem.
A adoração de imagens, que tanto os crentes criticam, é apenas uma forma de lembrar que o suporte daquela fé são os homens, pecadores, frágeis e inconstantes. Deus, sinceramente deve ter mais o que fazer do que ficar mandando gente pro Inferno porque gostava mais de São Francisco de Assis do que dele.
Parece que em terras que foram colonias Ibéricas, a Reforma religiosa que pretendia moralizar o cristianismo, no século XVI europeu, ainda não aconteceu. Portanto por aqui se vendem convicções a preços que não compensam. Crentes, na nossa terra, não são protestantes, são conformados. O caráter questionador e Revolucionário da coisa toda não veio nas caravelas. Só trouxeram o moralismo e o medo do demônio.
Mas são dez pras seis da manhã e está tocando David Bowie no Clássicos da OI-FM. Deus deve estar cantarolando no Céu, ou dormindo, que era o que eu também deveria estar fazendo se tivesse a tal paz de espírito que a missa um dia me proporcionou e que se perdeu com o tempo.
Paz de espírito, dignidade, bom senso e noites bem dormidas me foram roubados. Eu nem me preocupo com isso. É que nem a Andrea Beltrão falou ontem pra fiscal do imposto de renda no "Som e furia". Ela disse que só sabe reagir. Eu também. Pra ir ao cinema eu ajo, pra procurar emprego eu também sempre agi, pra arrumar bagunças então eu sou super ativa, mas pra esquecer pessoas, eu não tenho forças. Não é uma questão de gostar de sofrer, inclusive eu fico MUITO puta quando alguém me manda "esquecer". Vai tomar no cu! Pensa que eu sou retardada? Quem estando apaixonado sem ser correspondido não sabe que tem que esquecer? Se fosse uma opção eu não estava aqui curtindo uma dor de cotovelo de cinco meses, tava era na Casa da Matriz dançando Bohemian Rapsody, que é o que sempre toca essa hora e beijando frenéticamente algum leonino web designer alternátivo.
É como diz a canção mais sábia de todos os tempos, o "Canto de Ossanha": "Não vou que eu não sou ninguém de ir em conversa de esquecer a tristeza de um amor que passou...".
Eu escreveria uma tese sobre o Canto de Ossanha. É engraçado. Eu fiquei viciada nessa música no final do ano passado, mas prestei tanta atenção nesse verso que eu citei, justamente por eu saber que sou exatamente assim, que esqueci da pate mais importante: "Se é Canto de Ossanha não vá que muito vai se arrepender/ Pergunte pro seu orixá/O amor só é bom se doer".
E dói a beça.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Eu falo nada, você sabe tudo.

Você esteve com ele? Como ele está? Eu não sei nada dele.
Cinema mudo
Dias e noites
E hoje eu me arrependo.
E hoje eu morro de saudade.
Hoje não tem fim.

Segunda carta para Leonor.

Rio, 21 de julho de 2009
Pois é, Leonor, eu sei que está frio para tomar sorvete. Eu inclusive estou começando a sentir os efeitos da alergia no meu nariz. Podemos tomar uma sopa, que tal? Ou você pode vir aqui em casa e eu faço alguma coisa. Você gosta de nozes? Tudo que eu faço leva nozes.
Concordo com você, "Som e furia" é excelente. Hoje tocou Ney Matogrosso pela segunda vez. Me emociona muito o Ney Matogrosso. Eu fiz as pazes com Deus por causa do Felipe Camargo, sabia? Estava numa fase totalmente incrédula. Quando assisti o Richard Dawkins na FLIP, então! Nossa, minha vida perdeu o sentido. Mas foi no domingo que eu voltei de Parati, a noite, que ele deu uma entrevista no Fantástico dizendo que atribuia a recuperação dele a Deus. Eu nem vi a entrevista, só ouvi de longe. Me devolveu a fé o rapaz. Nunca vou esquecer disso.
Me disseram, Leonor, que tem uma cartomante ótima em Copacabana. 150 reais e ela te diz tudo. Pensei em ir. Pensei inclusive em estudar essas pessoas que dizem prever o futuro. Mas sei lá, como eu ia fazer? Ia ter que pagar consulta pra fazer etnografia? Não daria certo. Eu ia acabar querendo saber da minha vida e cada uma ia dizer uma coisa, aí eu ficaria muito confusa e terminaria fazendo a minha dissertação sobre mulheres intelectuais que se deixam levar pela fé pagã. Ou terminaria num psquiatra.
Ah, eu gosto da novela das oito sim. Fiquei até triste quando a Suelen não casou com o doutor Castanho. "A Favorita" foi impecável mesmo, inclusive o último capítulo,o que é raríssimo, mas essa de agora me entretem bastante.
Hoje eu ouvi que vai fazer vinte nos que o Raul Seixas morreu. Fiquei passada. Eu me lembro do dia que ele morreu. E eu não tinha nem cinco anos.
Aquela música dele que diz "O que você não sabe por inteiro/É como ganhar dinheiro" é pra mim. Acho que o nome é "Loteria da Babilonia". Uma vez eu escrevi isso num e-mail de amor (a pós modernidade mudou tudo, não são mais cartas, são e-mails. Não são mais bilhetes, são mensagens de celular.), mas eu acho que o destinatário não conhecia a música, então ele nem ligou.
Se houvesse uma seleção de mestrado em que a prova fosse escrever uma declaração de amor eu seria a primeira a ser aprovada. Teria bolsa, taxa de bancada e viagens pelo Brasil para divulgar os meus métodos. Só que infelizmente amor não recompensa. As minhas palavras de amor são as mais bonitas, Leonor. Até pro Hugo Da Cal, meu vizinho do prédio da frente, por quem eu fui apaixonada no segundo grau e que hoje faz parte da comunidade "Eu odeio viado" do orkut eu escrevi coisas legais.
Sobre o Leblom Jazz Festival eu estou ainda um pouco resistente em ir. Eu amo profundamente o Marcelo Camelo e me prometi que respeitaria a mulher que ele escolhece para estar ao seu lado, então o prolema nem é ela. É que um evento com esse nome, sabe? Ai, sei lá! Evento de jazz no Leblom me lembra o nick bar de "Mulheres Apaixonadas". A qualquer momento pode aparecer o Toni Ramos tocando saxofone e a Cristiane Torloni falando "meu bem", entendeu? Não aguça as minhas papilas gustativas não.
Te falei que eu fui no Cachambeer, né? Bonzão, menina! Zona Norte rules!
É, Leonor, o inverno resseca a pele, mas pelo menos a gente pode usar cachecol!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Carta para Leonor.

Rio de Janeiro, 20 de julho de 2008
Querida Leonor,
hoje faz exatamente quatro meses e três dias que eu descobri o quanto é alegre o caminho que vai do metrô Carioca até a Praça XV. Todos os dias eu passo por lá. Nos primeiros dois meses, desses quatro, esse era o momento mais feliz do dia. Depois voltou a ser normal.
Há muitas mulheres bem vestidas, lanchonetes e lojas perfumadas nesse percurso. Alguns homens de terno são bonitos, mas poucos parecem ser interessantes. Os cachorros não frequentam a Avenida Rio Branco e eu tenho preguiça de andar pela Rua da Ajuda.
Na semana passada vi o Yyves Saint Laurrent no CCBB. Não dá vontade de sair por aí com um daqueles vestidos esvoaçantes que passam no vídeo? Vi também a Virada Russa. Preciso confessar, Leonor, só me sensibilizei com o Lenin. Eu acho que tenho pouco tato para as artes plásticas. E para a dança contemporânea também.
Você se lembra, Leonor, daquele quadro da exposição do Surrealismo que tinha uma porta que dava para o mar? Eu vivo procurando no google esse quadro, mas nunca encontrei.
Eu continuo ouvindo rádio quando acordo, sempre alto. Gosto quando toca "american boy" do Keny West com a Stele. Tem uma versão meio reagae que muda o refrão pra "jamaican boy". É ótima também. Odeio a música nova do Skank. Acho egoísta, clichê e cheia de palavras que não combinam com música. "Sutilmente" não é palavra de música, não mesmo.
Tenho estudado muito. Preciso passar no mestrado. Canalisei minhas neuróses nisso. Sim, Leonor, eu surtei. Estou cortando um dobrado pra voltar ao normal. Talvez nunca volte.
Quase não falo mais no telefone, sabia? Não tenho mais paciência, só quando tem assunto. Tenho lido a Piauí, é muito boa. Esse mês tem um texto ótimo sobre a Dilma.
O último filme que eu vi foi Jean Charles, no fim do mês passado. Gostei muito. Um amigo meu reclamou do desfecho amarrado. Pra mim foi indiferente.
Minha última aquisição foi uma meia calça vermelha, fio 80, por 12 reais na Marisa. Só usei uma vez com uma roupa toda preta. Ficou lindo.
Quero comprar um casaco de veludo verde garrafa igual ao da Peny Lane (Lady Goodman) do "Quase Famosos", mas tá caro a beça, mesmo na liquidação.
Preciso voltar a dormir direito, Leonor. E preciso de alguma coisa mais eficaz que a sibutramina, você não conhece não?
Pretendo ir a São Paulo se eu passar no mestrado. Acho que vou sozinha. Podemos nos encontrar.
Sinto saudade. Quando você voltar podemos marcar de tomar um sorvete.
Sabe Leonor, eu me cansei de ser forte, menina. As dores são mais solitárias quando a gente é forte.
Um beijo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Carla Bruni não tem insônia.

Eu tenho andado com uma certa dificuldade para dormir ultimamente. Eu demoro muito para desacelerar e ainda acordo com uma sensação de cansaço péssima, como se tivesse passado um caminhão por mim durante a noite.
Pois bem, hoje, ou ontem, dependendo do ponto de vista, eu apaguei as luzes, tomei uma passiflora e fiquei lá esperando o sono chegar. Pensei em amanhã, em setembro, dezembro, no ano que vem, em casacos de veludo verde garrafa, na vida secreta das baleias e tudo mais o que for possível. Dormi. Calculo que fosse mais ou menos uma e meia quando eu percebi que precisava relaxar os ombros, que estavam tensionados por causa do frio, se quisesse obter sucesso na minha missão de uma noite de descanço. Pois quando eu estava lá sonhando com os anjos um mosquito zumbiu no meu ouvido e pronto, acabou-se. Eu fui despertando aos poucos da tranquilidade doce do sono e escutando a chuva lá fora, que propiciava uma possibilidade de sono perfeito. A melhor coisa do mundo é dormir com chuva. E dormir é a única coisa boa que se pode fazer com chuva (ok, tem comer e transar também, mas não estão no contexto).
Quando eu me dei conta de que era irreversível o zumbido do mosquito, levantei. Fiquei esperando o desgraçado aparecer pra eu matar ele. Voltei a deitar, a chuva oscilava, um barulho gostoso, confortável, um silêncio, frio, tudo certo e nada de eu me concentrar novamente.
Aqui estou eu, as quatro e poucas escrevendo sobre a insonia que me acomete.
Será que a Carla Bruni tem insônia? Ela é tão bonita e tem tanta classe, já deu pra tantos caras legais, Mick Jagger, David Bowie, Eric Clapton, tem a voz perfeita, se tornou simbolo de elegância e salvou a imagem pública do Sarkosi, que de reaça se tornou o presidente apaixonado. Ela tem quarenta anos e permanece magra.
Quer dizer, se eu fosse ela dormiria bem todos os dias, sem esses tormentos de mestrado, vida amorosa falida, cartão de crédito estourado, futuro... Quanta coisa clichê!
Ai ai...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Parece cocaína, mas é só tristeza.

Quinta feira a noite, amigos antigos, cachaça, atrações forjadas, palavras a mais, gargalhadas, propostas indecentes aos montes, beijos na boca, fotos felizes, carona pra casa, chave esquecida.
Silêncio na rua, espera, vazio.
Sono, vazio.
Ressaca, vazio.
Fantasias sexuais, vazio.
Antropologia
Copo d'água
Televisão
Nada tem você.
Eu não sei sofrer menos.
Eu não sei sofrer mais.
Igreja católica, Rolan Barthes, novas possibilidades de romances avulsos
e você me deixou.
Cafonice, fraqueza, autopiedade
Eu não consigo te esquecer.
Merda.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Quente, frio e a gelatina sem gosto.

"Existe gente de verão e gente de inverno". Li essa frase hoje num texto IN-SU-POR-TÁ-VEL de um autor que eu prefiro não citar o nome para evitar criticas porque ele é de uma enorme importância no mundo da Sociologia. Esse aforismo, no entanto, me disse muito. É verdade. Existe gente de inverno e de verão. E eu não sei se existe gente de outono e primavera, mas existem pessoas de mormaço, sabe? Aquelas pessoas meio caipirinha com adoçante, que as vezes ficam doces e as vezes sem gosto. Essas pessoas são um saco.
As pessoas de inverno são as mais instigantes. Demoram muito para se entregar, não são fáceis. São mais silenciosas e menos sorridentes, amam com cuidado e não fecham os olhos para dançar.
As pessoas de verão, por sua vez, vieram ao mundo de pernas abertas. Esbanjam sorrisos (mesmo que falsos) até para as araras do Zoológico, parecem constantemente disponpiveis, contam tudo sem medo, volta e meia deixam aparecer a barriga e quando sofrem vão a praia.
Rio e São Paulo são exemplos de cidades-estação, uma de verão e a outra de inverno, mas deve-se dizer que existem pessoas de inverno no Rio e pessoas de verão em São Paulo. Eu sou uma pessoa de verão e A-DO-RO São Paulo.
As pessoas de mormaço me irritam. Elas detestam São Paulo. Não falam mal dos outros, não ouvem música, vêem poucos filmes e enchem a boca pra falar mal de funk eróticos e bem do Zorra total. É comum que essas pessoas não vão a muitos shows e peças, mas quando decidem ir, escolhem Ivete Sangalo e Elisa Lucinda. Pessoas de mormaço são óbvias e pouco explosivas. Quando querem fazer comentários inteligentes falam mal do capitalismo ou da Globo. Não se masturbam e jamais admitem que gostam de uns tapinhas na cama.
Essas pessoas costumam dar presnetes muito ruins, tipo brinquinhos dourados com pedrinhas sintéticas péssimas. Na Tijuca são muito comuns. O pior é que tem uma meia dúzias de pessoas aparentemente de verão, mas que são mesmo é de Inverno, que se apaixonam pelos seres de mormaço e se tornam idiotas públicos por conta deles.
Morro de pena. Eles teimam em acreditar que a pessoa amada é sim muuito inteligente e que seus raciocinios são sofisticados. Essas pessoas que disfarçam o seu tipo, quando sofrem, não admitem. Aliás, não admitem invejas e incômodos. Ficam lá amando o ser de mormaço na sua mediocridade perdoada.
Deve ser o fim.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Quando a classe média tijucana não é o suficiente.

Weber disse que as classes se organizam pela situação econômica a qual estão inseridos.
Existem várias ações de classe possíveis, acordos para desacelerar a produção, criação de associações, sindicatos, etc
É uma pena que no amor as coisas não funcionem assim. Eu acho todos esses discursos feministas muito chatos. Isso de que homem não presta, de que dar de primeira não rola, de que a pulga deve estar sempre atrás da orelha...isso é um saco.
Também não gosto dessa idéia de que mulher deve falar pouco, ser discreta, guardar mistérios e possíveis marcas de sofrimentos anteriores as sete chaves. No entanto, infelizmente, tenho que admitir que a coisa funciona um pouco assim mesmo. Quem fala menos e se abre com cuidado (sem trocadilhos) tende a obter mais sucesso.
O fato é que eu não sei a que tipo de classe pertenço. Economicamente eu pertenço a classe média tijucana falida, que estudou em colégios católicos que hoje já não tem mais alunos, que fez natação no Tijuca Tenis Clube e que foi ao Beto Carreiro com a mãe quando tinha 12 anos.
Mas e o meu coração? Onde ele se encaixa? Eu falo muito, falo alto, principalmente rio alto, começo dietas sérias toda segunda feira, digo "Oi" para desconhecidos interessantes no orkut sem receber resposta, devo ao banco, conto meus segredos em troca de conselhos mediocres, fujo das vendedoras de lojas de maquiagem do shoping porque volta e meia me meto nas demonstrações da Lancome e saio de fininho sem levar nada, tenho dois ex namorados que me odeiam, 32 homens que me rejeitaram, de todos eles só um não foi superado, minha cena de sexo favorita no cinema é a do "O Piano", fiz um cartão C&A porque decsobri que lá tem calcinhas baratas e bonitas que eu uso pra mim mesma, descobri recentemente um restaurante natural maravilhoso perto do meu trabalho, estou em busca de romance e drink no dancing, amei "Leite derramado", chorei com a Sophie Calle, roubei bom-bons no quarto da minha mãe hoje de manhã e todo dia antes de dormir penso em sexo selvagem.
Eu brinco de seduzir os rapazes possíveis, leio Weber, ando de ônibus, pinto as unhas de vermelho, não gosto de voltar pra casa cedo e sou especialista em estratégias de marketing pessoal.
Eu não pertenço a nenhuma classe, não pertenço a ninguém. Me entreguei com lacinho de fita e bilhetinho, mas fui devolvida. Tenho inveja dos que pertencem.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Homens, palavras e mentiras.

Sabe quando você está perdidamente apaixonado por alguém? Aí você fica um dia, dois dias, três, vai se habituando ao cheiro, aos dentes e as unhas. E aí você descobre uma primeira imperfeiçãozinha que não faz nenhuma diferença e depois percebe que ele usa meias rasgadas, mas acha até bonitinho. Depois você repara que tem um defeito que te incomoda mais, mas você releva e aí vem outro e outro e outro e num certo momento a pessoa faz uma coisa que te irrita profundamente e você começa a querer ficar longe. Então, com textos acontece a mesma coisa. Você escreve e adora o que escreveu, mas conforme vai relendo e corrigindo aquelas palavras vão se tornando cansativas e fica cada vez mais difícil se relacionar com elas. Homens e palavras requerem proximidade comedida. Ambos não podem se abrir demais nem se tornar fáceis.
Tenho a impressão de que os bons homens e as boas palavras junto com a nha benta da Copenhaguen e os doces portugueses do Boteco do Juca, na Lapa, são a razão de o mundo valer a pena. E é por isso que todo o cuidado é pouco no tato com eles.
Mas problema mesmo é quando eles faltam. Aí é que se começa a duvidar da validade do cosmos. Sofrer sem ter palavras deve ser péssimo e ter palavras sem homens para amar só serve para os chatos.
Palavras e homens sempre estiveram presentes na minha vida, desde que eu me entendo por gente. Não é a toa que eu me apaixono perdidamente pelos homens que escrevem. Uma pena eles saberem mentir tão bem.
Ai ai...