quinta-feira, 28 de abril de 2011

Não tenho palavra. Se ele me chamar agora eu vou.
Uso véu, batom vermelho, falo baixinho, fico quieta, nunca mais grito e espero.
Gosto tanto dele...

domingo, 24 de abril de 2011

I'm the mistake.

Eu também estava insatifeita. Já tinha dito aos meus amigos que não queria mais. Não desejei a ligação dele nos dias seguintes, nem tentei me imaginar de mãos dadas com ele antes de dormir, aliás nunca quis andar de mãos dadas com ele.
E aí ele me disse que eu fui um engano.
Não estou sofrendo, senti que havia ali um desconpasso sério e até valorizo a honestidade dele em verbalizar isso.
Mas pra mim não houve engano.
A tal vontade de amar que paraliza o trabalho do Drummond só me atrapalha a vida. Fui ali cheia de disposição e ouço num sábado de madrugada que fui um engano.
É muito azar.

sábado, 23 de abril de 2011

dormir com ele.

Na última noite em que eu estive com alguém tocou "De volta pro meu aconchego" com a Elba Ramalho e nós dois comentamos que gostamos dessa música. Tenho percebido que a parte mais bonita de qualquer relação é o breve momento entre o sexo e o sono: Tudo o que é macio e fragil fica exposto nesses minutos. Se eu dividi com ele esse tempo tão depressa é porque foi especial. Esse homem não deve se tornar mais do que algumas noites felizes, mas ah... nós juntos somos muito felizes. Poucos encontro e já existem piadas internas, sutilezas e brigas. Eu já chorei. Depois dei uma desencantada e ficou tudo bem. Ainda há desculpas a serem aceitas. O cabelo e a voz dele são os mais delicados. Não sou ícone em nada do que me proponho a aprender, nem consigo bancar a sex machine que a propaganda anuncia, mas tenho isso de acariciar a barba de quem desejo. Acho que compensa.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Welington.

São três os personagens que construí para escrever aqui: A Cecília mal sucedida no amor, a expectadora de arte e a professora. Hoje quem fala é essa última.
Não consigo sentir pena de Welington. Não consigo sentir raiva de Welington.
Estava domingo visitando um primo que teve filhas gêmeas. Todo aquele clima angelical, cheirinho de neném, lanchinho, minha tia querida...o melhor da família, quando olhei para a tv e li, no rodapé da Globonews a seguinte frase: "Policia prende os suspeitos de terem vendido arma a monstro de Realengo". Passados os dias a palavra "monstro" ainda lateja em mim.
O que tenho de pior em mim, toda a raiva das rejeições do período escolar, a mágoa, a vontade de humilhar todos aqueles meninos que me ridicularizavam, me faz compreender no que Welington se tornou.
Mas o que há de melhor em mim, o carinho por cada aluno, as risadas que dou quando eles falam besteiras, o trato íntimo que fiz comigo para me conformar com o baixo salário, com a distância e com a bagunça, tudo isso me faz lamentar profundamente que Welington, homem igual a mim, tenha sido tão obstinado em sua vingança.
Talvez se no meio do caminho ele tivesse se apaixonado, se um dia no ponto de ônibus tivesse conversado com alguma menina... Se tivesse sido convidado para uma festinha de criança com bastante brigadeiro ou se lá, naquela época em que sofria, tivesse algum amigo ou professor que o abraçasse...
Welington é sim, produto desse Capitalismo selvagem que produz o pertencimento, seus assassinatos foram cada grito que ele não deu. Ele matou inocentes porque também era inocente.
A tragédia de Realengo dói porque denuncia a nossa omissão diante de todos os que tiveram dificuldades perto de nós, de todos os que nós vimos sofrer e permanecemos calados. Estamos na sala de jantar ocupados em nascer e morrer e tivemos nosso sossego ameaçado. Não é assalto, não é pobreza, é dor. Welington fez a grande merda que fez porque sentia muita dor.
É irreversível o estrago que ele, tão inteligente, causou. É quase uma metáfora, um ensinamento, profecia, sei lá. E é sim, uma merda.

O último bombom da caixa.

Passo meus dias na frente do computador.
Espero que surja na tela o grande acontecimento pelo qual eu espero junto com a Marina há anos.
Divulgo meus conflitos pequeno-burgueses nas redes sociais para me sentir menos incompetente. Sou audiência para a solidão.
Sometimes a stare at my e-mail just to see if someone has wroten a love letter for me. Sometimes i find words and wishes, but i've never found love.
I used to send videos to an ex-boyfriend who travels a lot. We were so happy at this moments...
Me pergunto onde fica a realidade e qual o lugar da fuga. Dando aula as sete da manhã sobre as Revoltas Regênciais não há espaço para sofrer pelo último homem que me disse que eu não sou especial. Me lembrei da Kate Winshlet em "Revolucionary road" e em "Pecados íntimos". Em ambos ela se dá conta da sua trivialidade e sofre horrores com isso.
I wish i was special.
Ele disse que eu sou bonita e divertida, mas que se apaixonou por outra muito especial. Chorei o oceano que me coube e sobrevivi.
A verdade é o palco da escola ou as tragédias de amor?
É feio desdenhar do prato antes desejado.
Ando pra lá e pra cá na minha superficialidade, tal qual o bombom de banana da caixa Garoto.
Sou a mais especial que existe.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

a mais recente paixonite

Minhas pintas nos ombros, meu colo, o nariz fora do lugar, minha voz oscilante, tudo o que em mim reluz e tudo o que em mim se apaga, nada disso foi feito pra ser do outro. É tudo fatalmente meu.
Entreguei sem cuidado a minha desordem a ele.
E trouxe pra mim os enganos dele.
Não conheço o que nele é longe. Ali só estive no chão.
Dói ele de madrugada sem ser meu.
Dói cada palavra não dita
e todo o encanto dói.
Não haverá mais beijos sem amargura.