sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"Passa então a amar tudo aquilo que não ganhou..."

Na última Revista de Domingo do Globo, a Martha Medeiros escreveu sobre as melhores coisas que a gente não fez na vida. Decidi pensar sobre o assunto. Essa é clichê a beça, mas tem bons momentos e essa coluna certamente foi um deles.
Pra mim o que de melhor não aconteceu foi um pircing que eu queria fazer na sobrancelha quando tinha 13 anos. Eu sonhava com o pircing, achava que ia ser a minha redenção, que com ele eu seria poderosa e diferente. Minha mãe concordou com a idéia e foi me levar na Banzai Tattoo e Pircing que tem na Praça Sães Peña. Fui toda contente com a minha camisa do Kurt Kobain. Só que quando o rapaz que ia furar viu que eu tinha 13 anos o sonho acabou. Ele não deixou de jeito nenhum e explicou que eu ainda ia crescer e que o furo poderia alterar alguma característica do meu rosto e tal. Chorei horrores quando saí de lá. Hoje, no entanto, eu odeio pircing na sobrancelha, não gosto da marca que fica quando o pircing sai e já não uso mais camisas de bandas de Rock.
Outra coisa muito importante que não me aconteceu foi a aprovação do segundo para o terceiro ano do Ensino Médio da escola que eu estudava. Como a maioria das pessoas, eu nunca gostei de matemática. A diferença era que eu me recusava a aprender. Achava aquilo inútil e, por ser muito boa nas disciplinas humanas e razoável em biologia, ficou claro pra mim que entender os números não era necessário. Até o primeiro ano a escola me aprovava pelo Conselho de classe por conta da minha boa conduta e pelo meu bom desempenho nas demais áreas. Só que justamente naquele ano, eu me juntei a duas amigas fofoqueiras e puxa-saco, que iam contar aos professores que ao invés de ir para as aulas de apoio de matemática, eu ficava em casa vendo Vale a Pena ver de novo ou ia para reuniões do PT. Jutando essas informações com a neurose do vestibular, o conselho não me considerou merecedora da aprovação. Foi uma merda. Eu não sabia o que fazer. Minha mãe praticamente desistiu de mim. Decidi procurar escolas que tivessem sistema de dependência e acabei indo estudar num colégio pequeno, perto da minha casa, onde fui muito feliz. Passei no vestibular pra UFRJ e pra UNIRIO na primeira classificação e esfreguei a minha vitória na cara das duas fofoqueiras infelizes e dos professores que me subestimaram. Lógico que eu fiz isso com toda a classe e óbviamente todos eles fingiram que estavam super arrependidos de terem me julgado incompetente.
Não ter sido correspondida por alguns dos meninos de quem eu gostava também foi bom, não pelo aprendizado, que sinceramente, é dispensável, mas porque hoje um deles é líder de um grupo neo-Nazista em Dakota do Norte nos EUA e o outro além de ter o pau minúsculo ainda é limitado e invejoso.
Espero que um dia eu olhe pra essa última grande paixão que eu não vivi a minha revelia e pense o mesmo. O homem que não me quis é uma pessoa muito interessante e jamais eu vou poder dizer o contrário. Não funcionaria. O que pode me fazer compreender as razões dessa impossibilidade eu ainda não sei, mas aí eu vou fazendo as minhas coisas e as peças vão se encaixando. O que sobrar fica no congelador.

2 comentários:

  1. "... líder de um grupo neo-Nazista em Dakota do Norte nos EUA" = Subúrbio... vai tomar... acabou a música!
    North Dakota é um cu, sério que ele ainda está lá?!

    Eu me pergunto por que que eu me lembro desses detalhes idiotas como o Subúrbio e sua cancao e partes da minha vida pós-14 sao "just darkness".

    Saudades, linda!!!

    Beijos!

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