domingo, 6 de setembro de 2009

Os comunistas não solucionam a minha solidão.

Tudo o que eu mais queria da minha vida hoje a tarde era alguém pra ir comigo ao cinema. Liguei pra um amigo que se dispôs a me acompanhar, mas quando eu estava pronta pra sair, ele disse que não iria conseguir chegar a tempo. Fui sozinha. Comprei um monte de chocolates da Kopenhaguen e sentei lá na frente, como eu gosto. O filme, "Casamento silencioso", era a história de um povoado romeno na década de 1950, que vive distante da vida política do país, dominado pela URSS. No dia da união do casal protagonista, no entanto, dois soldados chegam para avisar que devido a morte do Stalin na noite anterior, qualquer tipo de comemoração estaria proíbida por uma semana. Eles decidem, então, fazer a festa em silêncio. É angustiante. Os talheres são recolhidos, as crianças têm as bocas tampadas, tudo para que ninguém saiba que ali está havendo um momento feliz. A noiva, no entanto, chora quando se dá conta do absurdo do que está acontecendo e o resto eu não posso mais contar. A parte mais bonita do filme é quando está sendo exibido um filme pró-URSS e todos estão sentados e compenetrados prestando atenção nas imagens. De repente um desses circos itinerantes de cidades do interior, com mulher barbada, elefantes de plástico e anões malabaristas, chega ao lugar. Todos se levantam imediatamente para ver o espetáculo. Ninguém ali ligava pro Stalin.
Esses filmes que falam sobre tudo o que o socialismo não conseguiu ser me tocam profundamente. Eu fiquei horas e horas abalada com aquilo tudo. Acho que ainda estou. Depois o meu amigo chegou e nós vimos "Up" da Pixar, que é lindo, emocionante, feliz e fofo.
E eu voltei pra casa mais uma vez sozinha, mais uma vez tendo desperdiçado o meu decote e o meu desejo de amar.

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