quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Desistindo e cantando e seguindo a canção...

"É preciso desistir de algumas pessoas e coisas." - Essa frase postada no Twitter por uma grande amiga ontem a noite está martelando na minha cabeça até agora. Fiquei pensando em algumas das coisas que eu quis durante a vida e sobre o que não pode ser.
Eu aprendi rápido que eu não ia ser aluna de tirar 10 e mesmo quando eu sentia inveja das minhas amiguinhas CDFs (essa sigla ainda existe?) da escola, a situação já estava resolvida. Eu não era estudiosa, odiava matemática e gostava de ser assim, uma existencialista precoce. Tive que me conformar.
Outra desistencia importante foi a de ser uma adolescente popular pela beleza. Rapidamente eu percebi que eu não era o tipo dos meninos da minha idade e quando eu ia na matinê do Terceiro Milênio (uma boate chinfrim aqui da Tijuca) ninguém chegava em mim. Era um tormento. A mãe de alguma amiguinha ia levar a gente e quando ia chegando perto eu ia ficando com medo. Lá dentro eu não pertencia, eu queria ir embora. Demorou um pouco pra eu entender que ali não era pra mim, que eu não dançava aquelas músicas e que aqueles menininhos nunca iriam me enxergar. Eu até tinha algumas amigas mais Rock'n Roll, mas elas saiam pra lugares tipo o Garage e chegavam tarde. A minha mãe nunca me deixaria ir.
Até hoje, quando eu vou a Casa da Matriz, ainda dá esse medo antes de entrar, é uma reminiscência. Mas aí eu penso que ali eu pertenço e entro feliz. Me lembro da primeira vez que eu fui a Bunker, em 2003, quando lá já estava quase decadente. Nossa, eu fui muito feliz naquele dia. Eu estava de blusinha amarela de rendinha e saia branca com sandalinha riponga nada a ver com o lugar, mas eu conhecia todas as músicas, dançava e me sentia bem. Saí de lá as seis da manhã. Por muito tempo eu saí da Casa da Matriz essa hora. Depois a vida ficou movimentada e eu passei a sentir sono mais cedo, além de uma certa preguiça de lugares lotados. Mas é fato que nem nesses lugares eu sou uma mulher cobiçada. Comigo a coisa é diferente, eu preciso conversar pros caras se interessarem e mesmo assim tem vezes que não funciona. Se eu não tivesse me dado conta disso, as rejeições doeriam bem mais.
Eu também desisti de querer ser magra, de fazer teatro, de ir a praia toda semana, de voltar sozinha a pé pra casa as quatro da manhã e de usar sapato alto.
Dos homens, normalmente, eu deixo a vida desistir por mim. Eu não tenho força pra desistir sozinha. Aí eu vou empurrando a paixão com a barriga até ela cair. Isso aconteceu muitas vezes. Eu costumo esquecer definitivamente as pessoas. Se passou eu não sinto mais nada. Teve uma vez que eu tentei resgatar os sentimentos que já tinham morrido por um cara ultrapassado. Eu tinha gostado dele por longos e dolorosos três anos e estava muito carente. Foi tão ruim que eu quase me arrependo.
Hoje, uma quinta-feira de quase primavera, eu entendi que não posso mais gostar do homem que me habita. Não posso mais querer sentir isso. É assim, não dá pra cogitar. Acabou. Se pra ser historiadora eu tive que entender que o dinheiro teria que ser controlado, pra me sentir inteira outra vez, eu preciso deixar esse homem pra trás. Preciso jogar ele fora. E aí outras pessoas estarão livres para desistir de mim. E as pessoas novas chegarão.
Eu precisei desistir de ser um prodígio. Vi muita gente entrar na faculdade depois de mim e passar no mestrado antes. E só agora eu estou investindo nessa tentativa. Tem gente que já casou e eu estou sozinha. Tem gente que já viajou o mundo e eu me contento com São Paulo (afinal São Paulo é como o mundo inteiro e no mundo um grande amor perdi) e tem gente que não faz nada pra ser interessante e é. Uma melancia na cabeça não vai me trazer a pessoa amada em 3 dias. O jeito é desistir. Amém.

2 comentários:

  1. Tolos os que não percebem quão linda e interessante você é. Qualquer padronização é burra e decadente. Te amo mesmo, minha Amiga Linda!

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  2. Acho incrível sua capacidade d detalhar as coisas...

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