segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Os amores de 1998.

Hoje encontrei o Hugo Da Cal.
Eu era apaixonada pelo Hugo Da Cal. Eram dele os meus recreios e as minhas esperas na saída da escola.
Dividimos a mesma rua, eu e ele. O mesmo cep, as eventuais faltas de luz e o caminho de ir e vir.
Acabou a escola e eu raramente o encontro.
Ele passou.
Passou?
Será que o Hugo Da Cal passou?
Não sei. Acho que ele também não sabe.
Viveremos eternamente frustrados por nunca termos sido nada um do outro. Por toda essa ilusão, esses olhares a toa...
Meu Hugo Da cal, magro, com carinha de menino...nunca foi meu.
Hoje dividiu novamente a calçada comigo,como no dia em que ficamos assistindo juntos ao prédio da esquina pegar fogo, no tempo em que não precisávamos de quase nada para sermos felizes.
Que vontade de chorar me dá encontar o Hugo Da Cal depois desses anos todos,
que vontade de conversar com ele.
Ficamos tão pertinho...
De onde ele estava vindo?
E eu?
Ele não sabe, nunca soube.
Somos nada um do outro e ele é tanta coisa.
Hoje eu tenho alguém, ele também tem.
E nós continuaremos vizinhos distantes
que se encontram de vez em quando
e que sofrem quietinhos.

(Rio,16 de junho de 2008)

Hoje, 14 de setembro de 2009, eu novamente encontrei o Hugo Da Cal na minha rua. Não me senti tão angustiada quanto no ano passado, quando escrevi esse poema, mas por conta da ocasião, resolvi postá-lo. Ele é uma dessas coisas que não aconteceram e que por isso mesmo tem muita importância.

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