quarta-feira, 8 de julho de 2009

Homens, palavras e mentiras.

Sabe quando você está perdidamente apaixonado por alguém? Aí você fica um dia, dois dias, três, vai se habituando ao cheiro, aos dentes e as unhas. E aí você descobre uma primeira imperfeiçãozinha que não faz nenhuma diferença e depois percebe que ele usa meias rasgadas, mas acha até bonitinho. Depois você repara que tem um defeito que te incomoda mais, mas você releva e aí vem outro e outro e outro e num certo momento a pessoa faz uma coisa que te irrita profundamente e você começa a querer ficar longe. Então, com textos acontece a mesma coisa. Você escreve e adora o que escreveu, mas conforme vai relendo e corrigindo aquelas palavras vão se tornando cansativas e fica cada vez mais difícil se relacionar com elas. Homens e palavras requerem proximidade comedida. Ambos não podem se abrir demais nem se tornar fáceis.
Tenho a impressão de que os bons homens e as boas palavras junto com a nha benta da Copenhaguen e os doces portugueses do Boteco do Juca, na Lapa, são a razão de o mundo valer a pena. E é por isso que todo o cuidado é pouco no tato com eles.
Mas problema mesmo é quando eles faltam. Aí é que se começa a duvidar da validade do cosmos. Sofrer sem ter palavras deve ser péssimo e ter palavras sem homens para amar só serve para os chatos.
Palavras e homens sempre estiveram presentes na minha vida, desde que eu me entendo por gente. Não é a toa que eu me apaixono perdidamente pelos homens que escrevem. Uma pena eles saberem mentir tão bem.
Ai ai...

Um comentário:

  1. Até onde eu sei moça, todo escritor tem o dom da mentira, da fantasia. Afinal, quem gosta de realidade é documentarista. Escritor de verdade gosta de narrar o que se passa dentro da cabeça

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