segunda-feira, 27 de julho de 2009

Musicas ruins para amores contráriados. - atualizado

Eu posso dizer uma besteira do tipo "Vou embora e você nunca mais vai me ver" que nem a menina do "Apenas o fim" fez, mas como talvez esse diálogo seja o único que eu não gostei no fime inteiro, achei que não seria legal.
Também posso inventar aquele papo de trabalhar num návio, ou de me mudar pra Dubai e ganhar em Euro, voltar rica, bronzeada e cheia de bugingangas do mundo inteiro na bolsa, mas eu sou muito apegada e além disso ainda acho que tenho coisas a tentar por aqui.
Há ainda a possibilidade da humilhação Eu digo que a minha vida não faz mais sentido, que as coisas perderam a graça e que alto aqui do sétimo andar, longe eu via você e a luz desperdiçada de manhã. Só que eu não estaria sendo verossimil. O mundo é cruel, mas se eu não digo Adeus nem para as amigas mentirosas, que dirá para o Planeta azul.
Outra versão para o meu futuro, essa muito mais feliz, seria dizer que eu estou super apaixonada pelo Eduardo Henrique, aquele engenheiro da Petrobrás que eu conheci numa festa em Laranjeiras. Estamos muito bem, vamos pra Europa em setembro e sábado agora ele vai me levar pra jantar no Antiquárius. Mentira deslavada. Eu não tenho assunto com engenheiros e me sinto constantemente atraída por individuos proletários que gostam mesmo é do Mc Donald's. Além disso, pra Europa eu quero ir sozinha.
Miriam Goldenberg tem razão: Nós mulheres, pecamos por achar que somos especiais. É isso. Eu me acho muito especial, muito talentosa, muito inteligente, com uma sensibilidade e uma perspicácia surpreendentes. Eu confio no meu bom gosto, tenho orgulho do meu enorme coração e acredito de verdade que o sexo comigo seja equivalente a visão da aurora Boreau.
As crises se dão justamente quando eu vejo que as coisas não são bem assim e que a minha companhia de repente nem foi a melhor, que eu não sou inesquecível e que os meus ângulos desarmônicos são sim perceptíveis.
Quando eu me dou conta que eu sou mais uma e que, inclusive, muitas vezes sou bem recebida pelas namoradas dos amigos justamente por não ser considerada atraente, meu mundo fica aos pedaços.
Eu ainda estou aqui. Eu ainda não desfiz as malas porque não consigo lidar com nada do que veio dele. O que eu tenho a dizer é que, não por opção, mas por resignação, eu espero ele voltar. E eu sei que isso passa.
Eu tenho consciência das minhas limitações. E a superação dos amores contrariados é a principal delas.
Em razão dessa dificuldade, eu preciso confessar que me identifico com algumas músicas de adolescente, tipo essa nova da Pitty, "que você me adora/que me me acha foda" ("foda" é a pior palavra de todos os tempos para se usar em música) que não é boa, eu sei, mas que tem aquela coisa da raiva gritando, sabe?
Então serve.

Atualisação: O meu comentário sobre a Pitty foi pouco elaborado. Ela é muito boa, só usa algumas palavras ruins, mas o conjunto da obra funciona. E o fato de os temas serem adolescentes não faz deles menores, Legião que o diga.

Um comentário:

  1. hahaha! Isso, respeite a Pitty.

    Ceci, essas leituras tão me deixando com saudade.

    bjão

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