terça-feira, 21 de julho de 2009

Carta para Leonor.

Rio de Janeiro, 20 de julho de 2008
Querida Leonor,
hoje faz exatamente quatro meses e três dias que eu descobri o quanto é alegre o caminho que vai do metrô Carioca até a Praça XV. Todos os dias eu passo por lá. Nos primeiros dois meses, desses quatro, esse era o momento mais feliz do dia. Depois voltou a ser normal.
Há muitas mulheres bem vestidas, lanchonetes e lojas perfumadas nesse percurso. Alguns homens de terno são bonitos, mas poucos parecem ser interessantes. Os cachorros não frequentam a Avenida Rio Branco e eu tenho preguiça de andar pela Rua da Ajuda.
Na semana passada vi o Yyves Saint Laurrent no CCBB. Não dá vontade de sair por aí com um daqueles vestidos esvoaçantes que passam no vídeo? Vi também a Virada Russa. Preciso confessar, Leonor, só me sensibilizei com o Lenin. Eu acho que tenho pouco tato para as artes plásticas. E para a dança contemporânea também.
Você se lembra, Leonor, daquele quadro da exposição do Surrealismo que tinha uma porta que dava para o mar? Eu vivo procurando no google esse quadro, mas nunca encontrei.
Eu continuo ouvindo rádio quando acordo, sempre alto. Gosto quando toca "american boy" do Keny West com a Stele. Tem uma versão meio reagae que muda o refrão pra "jamaican boy". É ótima também. Odeio a música nova do Skank. Acho egoísta, clichê e cheia de palavras que não combinam com música. "Sutilmente" não é palavra de música, não mesmo.
Tenho estudado muito. Preciso passar no mestrado. Canalisei minhas neuróses nisso. Sim, Leonor, eu surtei. Estou cortando um dobrado pra voltar ao normal. Talvez nunca volte.
Quase não falo mais no telefone, sabia? Não tenho mais paciência, só quando tem assunto. Tenho lido a Piauí, é muito boa. Esse mês tem um texto ótimo sobre a Dilma.
O último filme que eu vi foi Jean Charles, no fim do mês passado. Gostei muito. Um amigo meu reclamou do desfecho amarrado. Pra mim foi indiferente.
Minha última aquisição foi uma meia calça vermelha, fio 80, por 12 reais na Marisa. Só usei uma vez com uma roupa toda preta. Ficou lindo.
Quero comprar um casaco de veludo verde garrafa igual ao da Peny Lane (Lady Goodman) do "Quase Famosos", mas tá caro a beça, mesmo na liquidação.
Preciso voltar a dormir direito, Leonor. E preciso de alguma coisa mais eficaz que a sibutramina, você não conhece não?
Pretendo ir a São Paulo se eu passar no mestrado. Acho que vou sozinha. Podemos nos encontrar.
Sinto saudade. Quando você voltar podemos marcar de tomar um sorvete.
Sabe Leonor, eu me cansei de ser forte, menina. As dores são mais solitárias quando a gente é forte.
Um beijo.

3 comentários:

  1. Who is Leonor? rsrsrs, é a sua baronesa? Ah, a meia vermelha ficou ótimo com o vestidinho preto e um charme com o lenço jogado, com muito charme e mistério, nos seus ombros. Afinal temos que mostrar e esconder... Eu adorei, repita mais vezes,Fabi

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  2. nhé, me deixou segurando na broxa! mas aí, achei o contrário: yves saint laurent mau gosto de perua escrota; cartazes da vanguarda russa no fim da exposição pureza. piauí é ótima! tenho o maior orgulho de ser assinante desde o comecinho.

    tá reprisando agora o edgar no ar com o garotas suecas. excelente essa banda. bjo!

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  3. "As dores são mais solitárias quando a gente é forte. "

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