terça-feira, 21 de junho de 2011

"que comam brioches"

O homem, Inácio Avelar, é professor de História. Dá aula em cursinhos pré-vestibulares. Quem não se apaixonou pelo professor de História do cursinho que jogue a primeira pedra (eu até hoje não consigo olhar uma dessas paixonites nos olhos quando o encontro na rua de tanta vergonha que sinto do enorme amor que sentia). Tem olhos azuis, voz mansa e cor de galã da Califórnia.
A mulher, Nathália, é casada com homem rico. Brigitte Bardot de Ipanema, filhos criados, vida sem sentido. Corte de cabelo moderno e empregados. Mentiras e mais mentiras.
Se apaixonaram quando a filha dela foi aluna dele. Nunca as futilidades de uma mulher o incomodaram tão pouco. Nunca o proletáriado a deixou tão feliz.
São personagens de Gilberto Braga e os anos eram rebeldes.
Enquanto ele estava viajando, ela reformou seu quarto. Quando voltou, ao ver a cama, os lençós, cortinas e armários novos, perguntou onde estavam suas coisas.
Tinham sido dados de presente.
Não disfarçou sua insatisfação e explicou a amante que não queria se sentir sustentado por ela.
Sua resposta foi que se não tivesse redecorado o cômodo que os abrigava, teria enlouquecido e que aquilo tudo tinha custado pouco, "o preço de dois ou três vestidos".
Os olhos azuis dele relevaram, cheios de desejo, a pouca, quase nenhuma, consciência de classe da mulher e ele disse: "Preciso te ensinar sobre a Revolução Francesa o mais rápido possível. Maria Antonieta!"
E se jogaram no colchão aos beijos.
Que coisa bonita!

Um comentário:

  1. A reforma não foi enquanto ele estava preso, foi numa viagem aí que ele fez, esqueci para onde. Eu sei, porque me lembro dele ainda no quarto antes da reforma, depois de ser solto, dizendo a ela que ouvia os gritos dos jovens torturados.

    Além do mais, a Natália não teria cabeça para uma reforma enquanto ele estivesse preso.

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