quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pai e mãe.

Quando eu era criança era minha mãe quem me levava à escola. Também era ela que ia ao supermercado. Nos finais de semana quem ia comigo e com minha irmã, ao teatro e ao cinema, era ela. Nas viagens pra Iguaba Grande no verão era minha mãe quem dirigia o carro.
Meu pai só aprendeu a dirigir depois que se separou. Fui apenas uma vez ao cinema com ele, embora tenha vindo de sua parte os primeiros incentivo cinematográficos, quando pegava filmes pra eu assistir nos finais de semana. Meu pai me deu livros, contou histórias e por muitas vezes me ouviu chorar com paciência, coisa rara em minha mãe.
Houve um dia que eu cheguei no quarto deles e vi minha mãe chorando enquanto lia "Olga" do Fernando Moraes. Perguntei o por quê do choro e ela respondeu que na história tinham matado a moça. Quis saber a razão e ela disse que o motivo era a Olga querer um mundo onde todos fossem iguais. Minha mãe é sensivel.
Vem dela o meu gosto musical, Legião Urbana e Pink Floyd eu conheci pelas suas mãos.
É da minha mãe a mania de ouvir rádio e dela eu trago a frase "Não dê bom dia a cavalo".
Meu pai já diz que não se deve dar "pérolas aos porcos" e que "o bom cabrito não berra".
Por conta da inércia do meu pai admiro homens que dirigem.
De minha mãe herdei o desejo de não conduzir nenhum homem a lugar nenhum e de chorar sozinha no quarto a noite.
Somos eu, meu pai e minha mãe de peixes.
Eles dois detestam novela.

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