segunda-feira, 9 de maio de 2011

Senhora de nenhum amor.

Desde ontem a noite, quando o Marcelo Camelo cantou "A outra" no show do Circo voador, não me sai da cabeça a expressão "Senhora desse amor". Me lembrei daquele filme Mademoiselle Chambom, que é a história do pedreiro que se apaixona pela professora do filho dele quando a vê tocando violino. Os dois vivem com intensidade a paixão, mas nunca se tocam. Só no final, quando ela está indo embora, eles transam enlouquecidos de desejo de serem felizes juntos. Essa mulher era senhora do amor daquele homem, como na música.
Me pergunto se alguma vez eu fui senhora do amor de algum desses homens inconstantes pelos quais me apaixonei. Acredito que tenha sido, mas acrescento: Como é difícil ser senhora de um amor só as vezes!
Esses dias um menino, desses que jogam bola e tal, perguntou se eu não queria ir com ele numa apresentação de uns artistas alemães, porque ele já tinha convidado todos os amigos, mas nenhum tinha se interessado e eu era a última opção. Disse ainda que eu poderia ficar tranquila que ele não estava dando em cima de mim. E dois dias depois falou que desistiu do show porque lembrou que tinha curso de francês na mesma hora.
Vários aspectos dessa história me intrigam. O primeiro: É um menino bonitinho, da minha idade, mas ainda menino, apesar de ser inteligente e morar sozinho e eu, apesar de estar a procura de homens, até o acho interessante e sempre dou atenção a ele, mas tenho CERTEZA de que ele nunca me beijaria. Deve me achar legal, gente boa, inteligente e bacaninha, mas só. Pesa o fato de eu não ser magra, de não ser frágil e de não ser mais menina. Garotos assim, quando se interessam por mim, estão procurando a mãe e não a mulher que eu ofereço.
O outro aspecto que me intriga é o aviso prévio dele em relação as intenções que envolviam o encontro. "Eu não estou te cantando", ele disse, eliminando qualquer esperança de flerte que eu pudesse vir a ter, com certeza por achar que eu, mulher carente e gordinha, certamente me encantaria por ele. Não houve dúvida por parte dele de que por ele nada aconteceria e que por mim aconteceria tudo.
O terceiro aspecto que me incomodou foi a posterior desmarcação. Imaginei que ele deva ter ficado um dia sem dormir pensando no quanto seria embaraçoso sair sozinho comigo, se perguntando o que faria caso alguém nos visse e achasse que estávamos juntos.
Preciso dizer que o entendo. Só que depois disso, quem tem (ainda mais) medo sou eu. Tenho medo de só encontrar homens como ele pelo meu caminho. Tenho medo de nunca servir completamente pra ninguém.
Me pergunto se toda a minha desenvoltura em relação a mim mesma, todo o meu desapego a limites sexuais e a minha culpa sublimada em relação ao peso, se tudo isso não faz com que os homens só me permitam ser senhora do amor deles por pouco tempo.
Esse menino nem é importante pra mim e eu não me chateei com ele, mas não gostaria de ser avisada novamente de que estou sendo convidada por último e de que comigo não há possibilidade de interesse.
Queria ser senhora dos sonhos de alguém.

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