quarta-feira, 18 de maio de 2011

O cavalo da vez.

Quando eu li "A Revolução dos bichos" do George Orwell fiquei profundamente comovida com a situação do cavalo. O livro é uma critica em forma de metáfora aos regimes totalitários. É a história dos porcos que tomam o poder e decretam que cada bicho terá uma função social estabelecida. O cavalo é quem carrega o país nas costas. Sempre obediente, resignado e fiel. Ele acredita nos porcos e acorda cada vez mais cedo para fazer a sua parte. Não houve fatia do bolo pra ele.
Me lembro que demorei muito pra terminar de ler tão poucas páginas, tamanho era o meu incômodo com a benevolência do cavalo. Um dia liguei para o meu pai, que foi quem me indicou o livro e disse: "Não quero mais ler esse livro não! Muito chato! Coitado desse cavalo!" Eu devia ter uns 15 anos. Meu pai me disse: "Cecília, o cavalo é o povo".

(Prezado leitor, vá beber água e pense sobre isso.)


Nunca me esqueci da frase do meu pai. "O cavalo é o povo". Meu Deus, que coisa triste!
Pois bem, tenho visto muita novela, vocês sabem, e em "Anos Dourados", esse primor de minissérie de 1986 que está sendo reprisada pelo Viva, existe uma personagem chamada Glória, que é interpretada pela Betty Faria quando ainda não existia botox e ela era bonita de verdade. A Gloria é uma mulher divorciada na década de 1950, ela sustenta o filho sendo caixa de boate e é amante de um oficial da Aeronáutica.
Ela é, pra mim, o melhor personagem da trama. E é, nessa história, o cavalo.
Duro.

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