domingo, 15 de maio de 2011

Pacto Colonial.

Fui a Paris conhecer um grande amor, mas poderia ter ido a Saquarema.
Só aconteceu em Paris porque era um sábado de manhã. Se fosse na quarta-feira, teria sido na estação Cinelândia do metrô, bem na hora que o vagão esvazia e os trabalhadores que carregam o Brasil vão assinar seus pontos. Operários?
O grande amor, cristalizado na cidade luz e nas águas antigas do Sena era você.
E eu, sem Brasil nenhum, te chamei pra ser meu num daqueles palácios. Quis construir pra você um jardim sem agrestes. Eu quis te dar todas as minhas torres.
Nenhuma praia seria suficiente pra avalanche de novidades que era você.
Eu poderia ter te amado.
Não amei porque levo comigo esse Brasil impiedoso todos os dias e todas as noites.
Porque não sei como são as ondas calmas do rio que ficou vermelho com o sangue dos sonhadores.
Conheço apenas as águas revoltas que beiram a estrada.
Lido com invasores, ninguém fala a minha lingua.
Faltam longos meses de mar e tempestade pra eu te encontrar.
É o destino da América não ter rainhas.

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