tag:blogger.com,1999:blog-64255647323320097382024-02-20T23:52:14.344-03:00ieieie com canelaOpiniões, confissões e declarações de amor.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.comBlogger304125tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-39313142069909474782014-04-04T12:58:00.001-03:002014-04-14T23:12:49.397-03:00Romance da empregadaA Mere é minha faxineira desde que eu vim morar sozinha, mas antes ela já trabalhava na casa de uma amiga há muitos anos. Ela vem de 15 em 15 dias, deixa tudo brilhando e sempre rearruma alguns objetos. No ano passado ela percebeu que eu estava muito mal e me levou a um vovô de umbanda que é tio avô dela, lá em Engenheiro Pedreira, onde ela mora. Nesse dia eu conheci toda a família dela e eles me trataram como se eu fosse um deles, me deram almoço, amor, café e uma luz. Foi fundamental para que eu recuperasse a fé e a coragem.<br />
A Mere é casada e tem dois filhos, uma menina de doze e um menino de nove anos. Os dois estão obesos. O marido da Mere é chaveiro. Eles dois trabalham no Rio todos os dias o dia inteiro, por isso a filha teve que aprender a cozinhar e só faz comidas engorduradas. Os dois não gostam da escola, que segundo a Mere, está sempre sem professor. Hoje ela chegou aqui dizendo que o menino passou do quarto para o quinto ano sem saber escrever e que a menina sofre bullyng, mas ela não sabe o que fazer.<br />
Fiquei pensando na situação da Mere.<br />
É a mesma situação de muitos dos meus alunos de Seropédica.<br />
Não sei qual é a solução.<br />
Cheguei a sugerir que ela procurasse uma escola particular para a menina, me propondo a ajudar na mensalidade. Mas depois me perguntei se isso resolveria o problema. Comecei, então, a maquinar utopias: Escola integral onde não falte professor, que tenha café da manhã, lanche, almoço, outro lanche e janta, tudo com comida bem feita e variada, acompanhamento nutricional, com atividades esportivas interessantes pelo menos duas vezes na semana, sala de leitura e espaço de vídeo, com horários reservados para os mesmos, horário de estudos, psicóloga, orientadora educacional, limpeza, conforto e transporte para passeios.<br />
Pronto, o problema da Mere e das mães dos meus alunos que chegavam ao Ensino Médio analfabetos funcionais estaria resolvido. Mas isso não existe. O que posso dizer a ela? Pra ela chegar mais cedo em casa? Pra arranjar uma explicadora para o filho? Estou perplexa e enquanto isso a Mere está fazendo um arroz integral cheirosíssimo pro almoço. Eu sou heroína as vezes, a Mere é todos os dias.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-90917223353019897732014-04-03T08:37:00.000-03:002014-04-04T00:03:11.810-03:00Ontem o professor de Filosofia social e política I, que me dá aula de nove as dez e quarenta, passou a "seção", como ele diz, inteira discutindo uma frase da "República" de Platão que diz assim: "Ser vítima de uma injustiça é um mal maior do que o bem que há em cometê-la". Eu estava muito cansada. Saí de casa as seis e meia da manhã, peguei o 247 até a Presidente Vargas, andei até a rodoviária xexelenta que fica atrás da Central, peguei o ônibus pra Queimados, saltei na Dutra, atravessei a passarela e cheguei na escola. Dei aula a manhã inteira. De tarde teve reunião. Saí de lá as cinco. Fui direto para a UERJ. Dessa vez peguei uma carona até a Pavuna e o metrô até o Maracanã. Fui tentando ler o capítulo 7 do livro 1 da Ética a Nicômaco, mas volta e meia tinha que parar porque havia muitos torcedores do Botafogo indo para o jogo e fazendo bagunça. Assisti aula de Introdução a Filosofia as seis. A professora falou que para ser filósofo deve-se lembrar do Guimarães Rosa: "Estar a toa muito ativo". Pensei: "Oh, how i wish..." Na segunda aula, de Ética, passamos muito tempo discutindo o sumo bem, o bem final e todos os bens complementares. A riqueza para Aristóteles não é um bem. Interessante. É nessa aula que eu sempre sinto mais saudade do IFCS. Ontem cheguei a parodiar a Clarice Lispector: "Saudade é pouco, o que eu sinto ainda não tem nome". E aí veio a última aula e essa dissecação extensa da sentença platônica. Peguei o elevador pra descer e, no hall do primeiro andar, vi minha ex-orientadora do IFCS, que estava lá, certamente, por causa dos eventos de descomemoração dos 50 anos do golpe de 64. As nossas reações nesses momentos são involuntárias, é como um assalto que a gente nunca sabe se vai reagir. No ano passado, quando eu estava desmoralizadíssima, a vi algumas vezes no cinema. Em todas fingi que não vi por vergonha. Ontem, na fração de segundo em que passei por ela eu a olhei e cumprimentei. E não abaixei a cabeça. Saí da UERJ, atravessei a rua, peguei o 247 e fiquei um tempão parada no engarrafamento, causado pelo jogo do Botafogo. Cheguei em casa as onze e dez. Tomei banho e jantei algumas colheres do brigadeiro que a minha amiga que mora comigo havia feito. Não resisti, estava uma delícia. Ficamos conversando, assisti "Água viva" e fui dormir. Hoje acordei as seis e meia. Estou indo novamente para Nova Iguaçu, novamente dar aula o dia inteiro. Eu tenho toda a dignidade do mundo e tenho muitas dúvidas (a dúvida é o preço da pureza, já diriam os Engenheiros do Hawai) se essas pessoas vaidosas que me jogaram no ostracismo, tendo as suas merdas expostas, vendo a sua tragédia pessoal virar fofoquinha de festa de sábado a noite, teriam a força que eu tenho. Voltar para a graduação, desde o momento em que se paga pelo vestibular e se passa o domingo fazendo a prova, até assistir aula depois de trabalhar o dia inteiro, é um sinal de humildade e de vontade de acertar. Esses grandes homens que me condenaram nunca tentaram me ouvir de verdade, foram movidos por paixões e acabaram por ser injustos. Era mais fácil nunca mais saber de mim e não me ver saindo de outra universidade as dez da noite. A saudade que eu sinto é como a de uma pessoa que morreu, mas fui eu que morri. E sou eu que estou viva, mais do que nunca. Merda todo mundo tem. Estou viva.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-12279848696095507822014-03-30T22:31:00.002-03:002014-03-31T11:24:11.558-03:00A faculdade de Filosofia poderia se chamar "Tão longe, tão perto" se fosse um filme. Minha primeira professora tem nome de jovem, usa vestidinho curto, é bonita e fala de Aristóteles como eu falo do Gilberto Braga. Estou achando tudo lindo, mas ao mesmo tempo estranhíssimo. As perguntas que os alunos fazem são muito diferentes, questões que eu não faria. Me sinto uma ignorante total e não deveria ser, depois de uma faculdade de História, meio mestrado, três meias pós graduações latu sens e três anos dando aula de Filosofia para o Ensino Médio, não era para ser assim. Mas o fato é que só sei que nada sei. Platão, Sócrates e Aristóteles são meus mais novos companheiros e eu percebo que muita coisa vem deles. Pretendo descobrir nos próximos dias o que é o bem, a felicidade e um diálogo chamado Fedro. Me aguardem. Essa professora passou a introdução de "2001, uma odisseia no espaço" para falar do nascimento das indagações filosóficas e da cultura com a turma. É sensacional mesmo. Fiquei fascinada. E me lembrei, enquanto ela discutia lá com todo mundo, da referência que "Adeus Lenin" faz a "2001", menção essa que é sim definitiva e muito bem citada. Comentei com a professora depois da aula, mas ela não deu muita atenção. Deve ter achado que era uma observação típica de historiador. Mas não posso mais querer ser historiadora. Vi hoje um edital de mestrado para professores de História e pensei que não é pra mim. Não pode ser pra mim. Não pertenço ao meu passado. Uma bosta sem tamanho. Estou tentando investir nessa nova carreira, mas a verdade é que estudar depois de trabalhar longe o dia inteiro, é difícil. As vezes bate um baita desespero. Tem momentos que as aulas ficam meio cansativas e eu sinto vontade de ir para o corredor tomar um café e dar uma olhada nas pessoas. São essas as horas mais difíceis, em que o IFCS, lateja no meu coração e eu sinto uma baita vontade de chorar. Sexta-feira a noite eu enfrentei a exposição da ditadura que está no CCBB e, voltando pra casa, passei pela rua do Ouvidor. Não resisti, nunca vou, e olhei o IFCS, todo aceso, lindo, meu prédio do coração. Foi arrancado de mim. Tenho que aprender a viver sem ele. As vezes imagino que daqui a uns 20 anos, quando alguns desses grandes homens que me jogaram pedras já estiverem mortos, eu vou ter coragem de entrar lá de novo e não vou mais ser lembrada, mas vou lembrar de todo mundo. Vou ver uma meia dúzia de pessoas que estudaram comigo passando, doutores, professores adjuntos, e vou me debruçar sobre o parapeito do terceiro andar, olhar lá pra baixo e chorar pela despedida que não aconteceu. Não tive tempo de dizer adeus para o que eu mais gostava na minha vida, para o pátio a tarde, para as salas, para a Rádio Saara e para o queijo com banana do café gerenciado por um ex-guerrilheiro que sempre tinha sorrisos e elogios para me oferecer, a quem nada disso que aconteceu comigo jamais vai interessar, a quem essa ofensa toda deve parecer muito pequena. Daria tudo por meu mundo e nada mais.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-64649231740226454842014-03-26T00:45:00.000-03:002014-03-26T00:45:38.057-03:00Durante as últimas férias eu li a biografia que o Stefan Zweig escreveu da Maria Antonieta. Me impressionei com muitas situações, mas uma delas não sai da minha cabeça: A indecisão de Luis XVI sobre fugir ou não de Paris quando o cerco apertou. Já tinham perdido Versalhes, Mirabeau já havia morrido e ele continuava a hesitar. Foi quem perdeu a cabeça mais rápido, não é a toa (ok, a princesa de Lamballe foi antes, mas ela era coadjuvante).<br />
Tenho agora 29 anos e o aprendizado da segurança é diário. Há coisas que eu já nasci sabendo, sei perguntar, pedir favor, sorrir, levantar o dedo para dar opinião, escrever, escolher roupas, ouvir e observar. Mas não sei ser confiante. São várias bolas de chumbo que levo acorrentadas aos meus pés. Foi o Felipe Fernando, na 3ª série que quando me tirou no amigo oculto, ao me descrever, disse: "Ela é gorda", comentário que foi corrigido pela Tia Gilda, professora de Matemática com um "gorda não, rechonchuda". Foi também o dia que a Danielle Inácia, minha amiguinha da 5ª F, foi contar para o Fernando, da 7ª D que eu gostava dele e ele olhou pra mim e fez cara de vômito. Foram as inúmeras vezes que eu não fui escolhida para o time titular de queimado das Olimpíadas da escola porque a Fernanda Arcanjo sempre me queimava no queimado. Foi o dia que o Joaquim, professor de Matemática do 2º ano, ensinou matriz e eu achei que estava aprendendo, mas não conseguia resolver os exercícios no tempo que ele estipulava, fiquei com raiva e joguei o lápis no caderno, suspirei, desisti daquela merda e chorei. Nunca mais vi o Felipe Fernando. Ele tinha o cabelo igual ao do Latino e usava um bigodinho. Era ridículo. O Fernando, hoje em dia, é da Opus dei. A professora de Educação Física está igualzinha, eu a vi outro dia na rua. Ela não se lembra de mim, mas eu lembro dela. Quem apanha nunca esquece. E matriz... eu nunca usei e nunca vou usar.<br />
E aí veio a juventude. Foram tantos amores contrariados, tantas tentativas de pertencer a vários lugares ao mesmo tempo...Demorou até que eu conseguisse me sentir forte o suficiente para fazer só o que me cabe. Tenho pensado que não quero ser o Luis XVI e também não quero ser a Maria Antonieta. A minha cabeça não vai ser cortada.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-8098799980473222662014-03-24T15:00:00.000-03:002014-03-24T15:00:26.286-03:00Buldogues me despertam ternura. Sinto vontade de cuidar deles, de vê-los dormir e acordar, escolher nomes que combinem com eles, ouvir seus barulhinhos e sentir seus cheirinhos. Minha cachorra é um buldogue. Ela ficou na casa da minha mãe e eu sinto muita saudade de, nos momentos menos esperados, segurá-la no colo e apertá-la. Seu jeito de mexer as patinhas, de esperar como se estivesse em posição de balé e a forma como se espreguiça durante o sono, são apenas algumas das razões que a fazem especial, mas há muitas outras. <div>
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Tive uma professora na faculdade que me despertava ternura. Era Anita Prestes. Já perto de se aposentar, quando me deu aula, pouco se levantava. Dava aula falando de forma clara e num tom agradável as informações que trazia num caderno. Era muito séria e raramente fazia brincadeiras. Toda vez que eu a via sentia um enorme orgulho de estar diante dela, pensava na Olga e a imaginava neném, deixando o campo de concentração. É muito interessante imaginar uma mulher dura como aquela, neném. Anita se referia ao seu pai como "Prestes" e demonstrava um respeito muito grande pela trajetória dele. Me lembro que um dia ela foi dar aula com uns brincos vermelhos, em forma de flor, enormes. Me perguntei de quem ela teria ganhado aquela bijuteria, pois não a imagino comprando a mesma. Ela sempre vestia tons pastéis e casaquinhos. Aquele brinco rompia a dureza e deixava aparente uma possível doçura. Alguns anos depois, tive a oportunidade de entrevistar Anita Prestes para um projeto que trabalhei e, ao contar sobre todos os lugares onde morou, fugindo de Vargas e da ditadura militar, percebi que ela não guarda mágoas. Ela é para o que nasceu. Já escrevi sobre isso aqui, inclusive, como deve ser difícil ser ela. Nesse mesmo projeto, entrevistei Clara Charf, viúva de Mariguella e ela nos contou sobre a festa que foi o dia que Anita, neném, chegou ao Brasil. É bonito imaginar. As recordações da Professora Anita despertam os melhores sentimentos que existem em mim. </div>
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Minha mãe, meu pai, minha irmã e minha avó também me fazem sentir ternura. Alguns amigos, algumas linhas de ônibus, cinemas e lugares onde estudei também, assim como alguns homens do meu passado. </div>
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É ternura demais, acho que preciso endurecer. </div>
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Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-55809846791843382812014-03-23T22:48:00.002-03:002014-03-23T22:50:45.845-03:00DescomemoraçãoOntem uma amiga me perguntou se eu pretendo ir a algum dos eventos de "descomemoração" do Golpe de 1964. Achei interessante ser, pela primeira vez, a última a saber sobre essa agenda e essa nova forma de denominar o aniversário de 50 anos da ditadura. Quase um ano e meio depois, posso dizer que me habituei ao ostracismo. É como se eu nunca tivesse pertencido ao grupo de pessoas que frequentam esse tipo de situação. Fiquei pensando que essa expressão diz muito não só sobre a forma de pensar esses eventos, mas também sobre o meu passado.<br />
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Decidi então escrever aqui, nesse espaço que abandonei por medo de me expor aos urubus que adoram ser expectadores da minha tragédia, um registro sobre isso:</div>
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Eu descomemoro junto com eles</div>
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Descomemoro as longas e dolorosas exposições sobre um período escuro da nossa história</div>
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Da minha História</div>
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Descomemoro o ressentimento</div>
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Os perdões não ditos</div>
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E o rompimento de todas as trajetórias finalizadas antes da hora</div>
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Eu descomemoro a arrogância</div>
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A utopia</div>
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E o descaso com as circunstâncias</div>
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Descomemoro todos os dias os lugares onde não se pode ir mais</div>
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Os lugares que poderiam e deveriam ser nobres, mas que se mantém austeros sobre saltos de cristal frágeis</div>
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O amor e a sabedoria desperdiçados</div>
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Eu descomemoro o silêncio</div>
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E as tantas pedras atiradas </div>
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Descomemoro o meu renascimento atravancado</div>
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As mãos e compaixões lavadas.</div>
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Eu os descomemoro </div>
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E os percebo muito parecidos com aqueles que são descomemorados por eles</div>
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Eu me descomemoro </div>
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Mas espero que essa tristeza chegue ao fim. </div>
Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-47191831333727354292012-09-11T23:07:00.001-03:002012-09-11T23:07:28.160-03:00Quem quer morrer de amor se engana.Quando eu tinha 17 anos e estava no terceiro ano do Ensino Médio, tinha uma professora chamada Corina, que as vezes vinha dar aula de História pra minha turma. Era como se fosse uma professora substituta. Ela era bem alta e um pouco gordinha. Tinha os olhos claros e o cabelo liso, cortado na altura dos ombros. Devia ter uns 40 anos. Tinha sido aluna do IFCS na graduação. Tive poucas aulas com ela, mas foi o suficiente para que eu não me esquecesse jamais. Tudo porque uma vez ela estava explicando a redemocratização e citou o Luiz Melodia em "Presente cotidiano" quando ele diz que "quem quer morrer de amor se engana".<br />
Demorei pra conhecer essa música, mas nunca, nunca esqueci essa frase. E hoje, terça feira a noite, depois de uma traição, de um perdão e de muitas lágrimas, estou ouvindo repetindamente a versão da Gal Costa dessa obra prima. É tão bonito que me consola.<br />
Tá tudo solto na minha vida. Momentos são momentos, muito drama. Meu corpo é natural da cama. Vou caminhar um pouco mais atrás sempre. Tudo gira, ai de mim. Tudo que é sólido desmancha no ar. Tá tão ruim, tá tão ruim...<br />
Musica linda, vida merda.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-16604577064619297322012-09-11T06:32:00.001-03:002012-09-11T06:42:21.188-03:00NacibRecentemente li "Gabriela" do Jorge Amado, como vocês sabem, e, como talvez seja a tendência geral de todas as mulheres, me identifiquei com a protagonista em vários aspectos: na dificuldade para se adaptar aos sapatos fechados e no não saber disfarçar o sono em conferências de pessoas importantes. Gabriela não pertence ao mundo em que vive, essa é uma angustia e tanto.<br />
Porém, no último feriado, a vida me concedeu a oportunidade de ocupar um outro lugar: o de quem, justamente por estar extremamente inserido no mundo em que vive, sofre. Passei a ser Nacib agora.<br />
Nacib, homem corpulento, amável e empreendedor, ao se apaixonar por Gabriela, quis fazer para ela tudo o que pode ser feito de melhor a uma mulher. Quando se deu conta de que ela o fazia feliz, parou de pensar no que os outros diriam e a levou com ele. Algumas de suas imperfeições admitia, outras tentava consertar. E assim passando os dias, foram sendo um casal.<br />
Mas acontece que um dia o desejo de liberdade de Gabriela foi maior do que o amor que ela sentia por Nacib porque para algumas pessoas o amor não é compátivel com amarras, mesmo que pequenas. E, sem grandes crises de consciência, ela o traiu. Não o fez por paixão, mas pela ousadia de achar que tinha esse direito. Fez porque precisava conquistar e se sentir conquistada.<br />
Ah, se Gabriela soubesse a tristeza e a humilhação que causaria em Nacib, o enorme arrependimento que ele sentiria por ter entregado seu mundo nas mãos da moça, talvez não tivesse ficado quieta. Nacib se afasta de Gabriela no livro e retoma a sua antiga rotina depois de muito chorar. Volta a ver uma mulher hoje e outra amanhã, dorme sozinho e frequenta os eventos que a cidade proporciona. Nas últimas páginas, no entanto, ele aceita Gabriela novamente, mas entende que para ser feliz com ela, não poderia ser apaixonado. Nacib perde a candura e deixa para sua amada a tarefa de ser espontânea. Para ele isso não serve.<br />
Pobre Nacib, sábio Nacib.<br />
Duro pra mim. Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-15117189772915917432012-09-01T21:06:00.002-03:002012-09-01T21:06:58.238-03:00Mulher não pode ser insegura. Não é bom demonstrar saudade demais. Homem não gosta de mulher fácil e não valoriza as que morrem de ciúmes.<br />
E a mulher, do que gosta? O que ela valoriza?<br />
Eu procuro me sentir conquistada constantemente. O segredo está na novidade. Quero me sentir avontade, ser recebida com amor a cada telefonema, a cada encontro, a cada manhã depois de cada noite. Cansei de tentar entender do que os homens gostam. Quero ser eu a entendida. Me importa muito pouco que o Facebook seja uma ficção e que as informações divulgadas lá sejam para os outros, acho lindo quem posta fotos (discretas) que remetam ao amor. Não me agradam as constantes teimosias. Isso de "você sabe que eu sou assim" é mentira. No início ninguém é de jeito nenhum. O homem só se torna "assim" quando tem certeza que é amado. Essa certeza é muito perigosa.<br />
Chegará o dia em que a mulher juntará suas coisas e irá embora. Aí o homem vai chorar no sábado a noite. E será tarde. Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-76602286450590141942012-08-30T08:33:00.000-03:002012-09-01T20:48:02.495-03:00Sou uma pessoa que acorda cedo. Sempre foi assim. Acordo e penso na vida. Quando havia rádio Cidade ou Oi fm eu ligava o rádio. Depois passei a ligar a TV e assistia o Globo Rural, depois o RJ TV e o Bom dia Brasil, mas a TV do meu quarto deu defeito. Agora eu acordo e ligo o computador. <br />
Como meu sucrilhos de café da manhã em frente ao computador, lendo sobre a vida de todas as pessoas que o Facebook me permite. Demoro muito para engrenar o dia. Tomar banho, ler, ir à feira...tudo isso leva mais tempo do que o normal. É como se por ter acordado cedo eu tivesse o direito de ser devagar.<br />
Recentemente entendi que preciso me conformar em ser mediocre. Não completamente mediocre, só um pouco. Isso de querer ser a melhor faz a gente sofrer demais. E esse aprendizado é difícil. Fui criada com uma mentalidade que ambiciona o destaque: não reclamar, não faltar e não desobedecer. Mas entendi, com a idade, que ser assim não tráz felicidade. Me dou ao direito de faltar, de reclamar e de desobedecer. Me permito ser devagar. <br />
Vejo as pessoas cheias de objetivos traçados para daqui a dez anos. Vejo as pessoas invertendo a ordem da realidade só para poder caber nela. Acho isso tudo muito chato.<br />
Minhas circunstâncias são mais fortes do que eu. E eu gosto de ser assim.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-6379345579610428352012-07-31T09:41:00.001-03:002012-07-31T09:41:39.647-03:00As atividades acadêmicas não têm me mobilizado. Não quero escrever artigos, trabalhos finais e relatórios. Estou num momento de cotemplação e transformação de ideias. Curar a micose das unhas dos pés, mudar a alimentação, ler literatura, ver novela, namorar, caminhar no Aterro do Flamengo no domingo de sol (sou tijucana e nunca tinha feito isso), assistir vídeos do Marcelo Freixo explicando suas propostas e fazer companhia a miha cachorra têm sido meus afazeres favoritos. Sou improdutiva quando estou feliz. Isso vai mudar.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-38962303520181617822012-07-25T16:24:00.001-03:002012-07-25T16:26:28.365-03:00Gabriela e o mundo proibido.Estou lendo "Gabriela". Toquei o foda-se para os trabalhos finais das disciplinas do mestrado. Férias devem ser férias e não serei eu que vou subverter isso. Se as pessoas leêm mil textos a cada sábado, se dormem duas horas por noite, se se tornam melhores amigas das garrafas térmicas de café, fico (in)feliz por elas. Eu ainda não estou assim. Sei que esse momento chegará, mas não é agora. Agora não dá.<br />
Agora decidi ler "Gabriela". Pensei em ler faz algum tempo. Pensei que devia ser uma história bonita. Não quis que a novela fosse exibida sem que eu tivesse lido o livro. Comprei no sábado, primeiro dia de recesso libertário, comecei a ler no domingo e não desgrudei mais da história. Ocorre que Gabriela não é só a história da morena bonita que conquista o patrão. Ela é só um enfeite. O livro fala mesmo sobre um mundo em decadência, dos coronéis, de mortes inexplicadas, cidades pequenas, trabalho semi-escravos, prostitutas felizes e esposas tristes; em conflito com a modernidade (tudo que e´sólido desmancha no ar) dos grandes investidores, do apreço a lei, das mulheres livres e da nova noção de honestidade.<br />
O caso de Gabriela todo mundo conhece. O passarinho que canta bonito na árvore, mas que se entristece na gaiola, a mulher sem ambição, a disponibilidade total para servir sem que isso a torne passiva. Disso todos já sabemos faz tempo. O que surpreende é o embate entre o coronel Ramiro Bastos, que é obrigado a assistir seu reinado desabar, e o exportador carioca Mundinho Falcão, homem ousado e esperto, expoente do desenvolvimento. E fazem palpitar o coração, as histórias de Malvina, mulher de caráter, e de Sinhazinha, apaixonada pelo dentista. <br />
Quanto prazer este livro está me dando! Lê-lo tem tido um sabor de renovação e crescimento que não senti o ano inteiro com os textos da faculdade. Me sinto na inquisição, lendo livros do Index. Não me arrependo.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-44647442483681652492012-07-14T21:21:00.001-03:002012-07-15T09:44:20.187-03:00O inferno são os outros.Para quem são nossas fotos no Facebook? Quando emagrecemos, fazemos isso por nós ou pelos outros? E quando passamos batom? <br />
Se não houvesse os outros, certamente seríamos mais verdadeiros e felizes, mas não conhecemos a vida sem eles. <br />
Os outros estão sempre lá, analisando nossos passos, sendo expectadores da luta e da tragédia. Eles desconfiam tanto da legitimidade das nossas ações que nós começamos a agir de forma a persuadi-los de que tudo em nós é impecável. Ah, os outros... Nascemos deles, como fugir? <br />
Damos tantas satisfações aos outros que quando deitamos na cama nos resta dormir para não haver questionamento sobre o que, de fato, nos pertence. <br />
Um dia, quando formos velhos e pudermos ser apenas o que somos, sem amarras e rodeios, talvez consigamos enxergar que uma vida de sinceridade teria sido muito mais bonita de se recordar e nos daremos conta do quanto fomos bestas.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-87706719366449931122012-06-30T07:44:00.004-03:002012-06-30T07:54:40.624-03:00Vida saudável compulsóriaParei de tomar refrigerante e suco de caixinha ou em lata. Não como mais no Mc Donald's, que sempre foi uma referência de lugar feliz. Guaraná Antártica diet, zero ou light também faziam parte do meu cotidiano. Meus 27 anos levaram tudo isso ao me trazer uma insuportável consciência de vida saudável.<br />
Estou de dieta. Ontem tinha cachorro quente na escola e eu resisti. Anoto tudo o que como. Comprei um pão de seis e cinquenta no Mundo Verde e tenho bebido água com gás de manhã.<br />
Essas decisões têm a ver com o que eu quero pra mim no futuro. Minha orientadora há pouco tempo me recomendou ter cuidado para não me tornar uma velha obesa. Mamãe me acha obesa desde que eu nasci. Papai ofereceu pagar o Vigilantes do peso pra mim e vovó sempre se dispõe a financiar algum tipo de tratamento para emagrecer. Chega. Tomei a causa pra mim. E a causa não é ser magra. Ser magra é a consequência. O que me fez decidir adotar essa nova filosofia de alimentação foi a minha enorme vontade de ser feliz, de nunca mais ouvir esse tipo de coisa e de aparecer de biquini em fotos com tranquilidade. Ainda não consegui voltar para a academia, mas pretendo fazê-lo em breve. Gostaria também de fazer pilates, yoga ou qualquer coisa do tipo. Não fumo e bebo bem pouco. Acho que ainda está em tempo de eu assegurar que minha velhice não seja um tempo de tristezas. Quando eu for velhinha, quero ir todos os dias ao cinema. Vai ser lindo.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-58968452322106537362012-06-03T02:19:00.003-03:002012-06-03T20:27:56.274-03:00A namorada.Namorada é aquela que passa a noite sozinha no ônibus pra ver o amor recente que mora em outra cidade. Toma cerveja só pra fazer companhia, deixa de assistir a novela porque ele não gosta e ri junto durante as reprises de TV Pirata. Deixa ele esperando quando entra numa loja legal e se descobre um restaurante novo, conta toda contente. <br />
Arruma as roupas, dobra tudo direitinho e faz a cama, crente que está resolvendo a vida dele, mas quando volta lá e vê tudo bagunçado de novo, desiste de querer botar ordem naquele espaço que por enquanto não é dela. Por enquanto sim, porque a namorada quer morar com o namorado e quer ser mulher dele. E aí sim, as roupas vão ficar definitivamente organizadas e os quadros pregados na parede. <br />
Ela adora café da manhã no sofá vendo Globonews pra se atualizar sobre o mundo real porque a casa do namorado é um mundo encantado e dói muito voltar de lá. E adora quando ele compra um vinho, está frio e tem queijo na geladeira, é lindo, mas rapidamente ela sente falta de uma Coca Zero pra matar a sede.<br />
Namorada é chata. Olha o e-mails dele escondida, descobre que a ex escreveu e dá um escândalo. Telefona de madrugada e diz que está preocupada com a segurança dele, mas é mentira, ela quer controlar tudo porque no fundo é obcessiva, mas sabe fingir direitinho que é normal. Fica até em paz no sábado de madrugada ouvindo Caetano Veloso, só de calcinha, sentadinha na cama e sente muita saudade.<br />
Não tem paciência para explicar todos os seus conflitos a ele mais de uma vez. Quando percebe que ele não prestou atenção em alguma história, faz uma cara muito feia e suspira bem forte, parecendo um búfalo.<br />
Demora meses até ir à casa dos pais do namorado e, quando os conhece, adora, mas fica com vergonha de demorar no banheiro enquanto está lá. <br />
Tem pavor de se parecer com as outras porque quer ser mais especial, delicada, livre, cheirosa, macia, jovem, forte, esperta, compreensiva, e principalmente: mais gostosa. Quer ser pra sempre, quer que ele ligue, quer passear de dia e deitar pertinho a noite. <br />
Agora ela quer ir de avião pra chegar mais rápido, mas precisa do cartão de crédito dele para pagar as passagens. É chorona e gosta de conversar à noite, acordando ele de madrugada nos momentos de insônia.<br />
Não quer ser mãe, nem faz questão de protocolos, mas se emociona com vestidos de noiva e filmes de amor. É neurótica a namorada, imagina que a qualquer momento outra mocinha vai aparecer e tirar o que é dela, pois é muito bom pra ser verdade que ele seja dela. Fica aliviada quando ele diz que a ama.<br />
Apaixonada, escolheu ser namorada e é plena em sua condição, até nos momentos de insegurança. Nada pode ser mais importante do que ela.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-68978627995633654822012-05-30T19:57:00.001-03:002012-05-31T00:53:08.247-03:00Ida à psiquiatra.No último domingo, quando voltei da casa do meu namorado e sentei em frente ao computador para fazer todas as minhas tarefas, tive um surto. Me desesperei, comecei a chorar, senti dores no corpo e tremedeiras. Travei e não consegui resolver nada. Também não consegui dormir bem e na segunda-feira de manhã acordei pior, muito triste, com vontade de morrer e sem saber como fazer tanta coisa.<br />
Saí para o trabalho, almocei, dei minhas aulas, enfrentei a fraqueza e a dor de cabeça, e vim embora. Quando estava na escola, a tarde, tomei a decisão de marcar uma consulta com a mesma psiquiatra que tratou da minha irmã há uns anos atrás. Marquei para terça mesmo.<br />
Acordei ainda mal, fui para a aula do mestrado, almocei com duas amigas, peguei o metrô até Copacabana e as 14 horas estava lá, pronta para soluções instantâneas.<br />
Foram duas horas e alguns minutos de consulta. Eu contei a ela a história da minha escolha profissional, da minha trajetória de trabalho, das escolas, do mestrado, do cansaço, da falta de dinheiro, da minha mãe que joga na minha cara que sempre me avisou que professor ganha pouco, das minhas noites mal dormidas, das dores no corpo e etc.<br />
Foi então que ela me disse que o nosso corpo não aceita os esforços que não considera legítimos e que não me receitaria nenhum remédio, que eu tenho que mudar a minha vida. Ela me explicou que o investimento emocional e financeiro que eu faria em um remédio seria muito alto e não transformaria em nada a rotina, que o que eu preciso é me sentir amparada e compreendida e que nenhum remédio traz essa sensação. E disse ainda que eu não deveria tentar me enganar, que se eu não tivesse coragem de mudar a minha vida e fazer escolhas, continuaria me dando pela metade a todas as minhas atividades e que isso não seria problema nenhum se não me causasse sofrimento, mas já que causa, é preciso arranjar outra estratégia. Quando eu disse a ela que não consigo estudar com a cabeça cheia, ela falou que estudar é sempre á última coisa, justamente por ser a mais importante. Para estudar, é preciso ter a cabeça tranquila e os problemas resolvidas. Ou seja: sem paz de espírito, nada feito. E se há pessoas que funcionam de forma diferente, não é necessária a comparação. Eu sou eu e o inferno são os outros.<br />
Saí de lá pensando nas minhas três atividades predominantes: Mestrado, que não é o que me sustenta financeiramente, mas é a minha prioridade, não sei se por intuição, amor, ou vaidade, escola do estado, que é longe e paga mal, mas cobra pouco e me permite uma maior flexibilidade para faltar quando há simpósios ou congressos, além de ser um lugar onde eu já me habituei a ir, fiz amigos e desenvolvi relações de carinho com os estudantes. E por último vem a escola particular, que me paga muito bem e é mais perto da minha casa, mas que me cobra MUITO, apesar de ter alunos super inteligentes e de valorizar os professores que se especializam. Me sinto bem nos dois lugares e sofreria para sair de ambos.<br />
Ainda não sei bem o que fazer, mas estou tendendo a deixar a escola particular. <br />
Estou mais calma. Fiquei feliz de a médica ter dito que eu não tenho nenhuma desconpensação hormonal e que a mudança está nas minhas mãos. <br />
E me lembrei de um professor de Economia que eu tive no segundo período da faculdade que nos ensinou sobre o "custo de oportunidade", que é o valor de se fazer uma escolha. Quando deixamos de ir a praia para ir a uma aula, nunca saberemos o quanto teria sido bom ou ruim a praia. E vice-versa. Acho que a vida é isso. Nunca vamos saber o que é melhor ou não, mas temos que ter coragem para arriscar. É isso que nos leva pra frente.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-67405520877966898032012-05-28T21:57:00.003-03:002012-05-29T01:06:09.865-03:00A pessoa me liga e fala de si mesma initerruptamente durante toda a conversa. Conta detalhes da tragédia que está o trabalho dela. Declama palavra.por.palavra do e-mail que vai enviar "amanhã ou no máximo quarta-feira" para a chefe e diz que na sexta, quando saiu para jantar com o marido, conheceu um amigo dele que trabalha com endomarketing, que deu uma boa sugestão de mudança.<br />
Em nenhum momento essa pessoa me pergunta como anda o meu trabalho, o meu chefe, a minha vida.<br />
Lá pelas tantas ela diz que quer trocar o salário alto e as oito horas de trabalho diárias por um estágio que pague mil reais e que dê a ela tempo pra estudar, enquanto outra pessoa segura as pontas. Não soube como responder a ela. Não soube como dizer a ela que isso também é o que eu queria.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-17492832972906213872012-05-28T00:18:00.001-03:002012-05-28T00:34:39.047-03:00Envelhecendo e amargando e seguindo a canção.Antes eu não me importava se o filme escolhido fosse ruim porque em pouco tempo iria ao cinema de novo e teria outra oportunidade de sair satisfeita.<br />
Antes, bem antes, eu podia ir ao motel em dias de semana.<br />
Antes eu gostava de ir ao motel.<br />
Antes eu conseguia fazer dieta.<br />
Antes eu tinha paciência para shows.<br />
Antes eu podia viajar sem culpa.<br />
Antes eu ouvia música alta no quarto.<br />
Antes eu saía para dançar.<br />
Agora ir ao cinema é um acontecimento <br />
Eu não danço mais.<br />
Dormir bem se tornou raro<br />
Meu rádio deu defeito.<br />
E vendi meu ingresso do show dos Los Hermanos em cima da hora porque achei que cem reais valiam mais a pena do que aquela confusão.<br />
Quero minha vida de volta.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-24539424243258523082012-05-27T18:12:00.003-03:002012-05-27T18:58:28.496-03:00Sonhos superfaturadosLi esse <a href="http://teamoporra.blogspot.com.br/2012/05/tamo-ae-na-atividade.html">post</a> no blog da <a href="https://twitter.com/intent/user?screen_name=patriciaaa">Patricia</a>, que é sobre a experiência dela, com seus vinte e muitos anos, no cursinho pré-vestibular. Em um determinado momento do texto ela diz que quando ouve o que os jovenzinhos falam sobre seus grandes objetivos de vida, tem vontade de dizer a eles que o mundo é um moinho, que vai triturar cada um dos sonhos deles.<br />
É exatamente isso.<br />
Decidi ser historiadora quando era bem novinha, lendo uma revistinha da Barbie na qual ela ia ao Egito pesquisar fósseis e descobria vários tesouros do Tutankamon. Passei cada um dos longos anos da escola esperando pela faculdade e enfrentando a minha mãe, que sempre me avisou que professor ganhava mal e que ela não iria me ajudar, etc. Fui aprovada no vestibular, foi aquela festa bonita, veio a faculdade, os amigos, estágios, mesas de bar, filmes e mais filmes, amores e descobertas. Os historiadores entendem o mundo, mas o mundo não é para os historiadores. Passada a formatura, vieram os trabalhos e agora o mestrado. É um mundo cor-de-rosa, como a baleia, daquela música do Sá e Guarabira. Sou o mestre Jonas e a minha baleia é o IFCS. <br />
Acontece QUE existe a vida real. E na vida real eu sou professora de duas escolas. Na vida real eu quero dormir, olhar as paisagens e ter dinheiro. O que me sustenta é o meu trabalho, não é o mundo encantado da academia. Tem sido muito doloroso pra mim fazer o mestrado sem poder me dedicar como eu gostaria. Ando em pânico com os prazos e atribuições. <br />
No entanto, se me perguntarem se eu me arrependo, respondo no ato que não. Acredito que cada pessoa tem a sua função no mundo e a minha é essa. Acho que não seria realizada se tivesse sido qualquer outra coisa e tenho muito orgulho do que sou. <br />
Mas se eu vir um desses jovenzinhos sonhando com a História, vou ter vontade de dizer a ele que se o pai dele não tiver grana, cada um dos seus anseios de participar da trasnformação do mundo vão ser triturados. Ser professor é lindo, mas é muito duro. Ser historiador é ainda mais difícil.<br />
Não temo a arrogância do meio acadêmico, o que me aflige é a inflexibilidade para com os que, como eu, não podem estar ali por inteiro.<br />
Tenho percebido que, de forma inconsciente, condicionei o meu sucesso à vida na academia e não ao meu trabalho. Eu reproduzo a ideia de que é a pós-graduação que vai me trazer louros, mas construí uma identidade de trabalhadora e esse caminho não tem volta. O jeito é aguentar o tranco e me conformar de que não serei a melhor, mas farei o que é possível.<br />
O preço que eu estou pagando por ter seguido os meus sonhos é muito alto. É o preço de pertencer à parte do mundo onde eu escolhi viver. Existem outras, mas por enquanto, mesmo com todas as tristezas e limitações, vou insistir nessa.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-86895118891959658612012-05-27T17:01:00.002-03:002012-05-27T18:55:56.675-03:00Férias da minha vida.Toda vez que passo o final de semana em Niterói com meu namorado, tenho a sensação de que estou de férias. Niterói ainda tem um aspecto de Região dos Lagos, com ruas tranquilas e ensolaradas, padarias cheias e a orla ao alcance dos olhos. Certamente essa é uma das razões para eu me sentir tão bem lá, mas há, também, outros motivos.<br />
Me tornei mais uma dessas pessoas que só são felizes no final de semana. Tenho tido dias desgastantes demais, mal paro para ver se está chovendo ou fazendo sol. Por isso, sinto uma necessidade enorme de me abandonar quando chega o sábado. Talvez seja irresponsabilidade, pois muitos textos permanecem sem serem lidos e tarefas dos diversos trabalhos acabam sendo realizadas com pressa, mas se eu não puder parar, tenho certeza de que vou surtar. Ainda não me conformei com essa vida nova de correria, sem cinema, sem cafézinho no final da tarde e sem tempo para novelas. Não é isso que eu quero pra mim, mas estou na parte tortuósa do caminho. Se vou chegar a algum lugar, é um mistério.<br />
A outra razão para o gostinho de férias é o enorme amor que eu sinto pelo homem que é a causa das minhas idas ao outro lado da Baía de Guanabara. Ficamos juntos pela primeira vez em agosto, mês longo e conhecido pelas tragédias que abriga em seus dias. De lá pra cá é ele quem melhor me compreende. São para ele a minha saudade, os telefonemas noturnos, queixas, desejos e fotografias. Verão e inverno, sempre ao lado dele eu estou de férias. Abençoado agosto. <br />
Essa felicidade, é, no entanto, um convite ao silêncio. Os dias dolorosos também são. Cada vez mais tenho percebido que há poucos companheiros nessa jornada. E justamente os que permanecem são os que se mantém à margem, disponíveis, mas distantes. Pessoas muito próximas decepcionam, ou porque me julgam, ou porque não são aprovadas nos meus julgmanetos. Os rompimentos tornam tudo mais difícil. Sonhei há pouco tempo que fazia uma besteira enorme na frente de duas amigas e que elas riam de mim com desaprovação. Como fazer algumas pessoas entenderem que estou dando o meu máximo? Como diálogar com quem só faz o mínimo? Estou no limbo entre os pretenciosos e os preguiçosos, mas sou parecida com eles. Quero férias.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-84814215521889819242012-04-30T14:08:00.000-03:002012-05-30T22:36:38.048-03:00Casamento da amiga.Ah, os casamentos, essas putas...<br />
No domingo passado fui ao casamento de uma grande amiga dos tempos de escola. Choveu muito no dia e a festa era num sitio em Ilha de Guaratiba. Alugamos uma van, eu e os demais amigos daquela época (que nos vemos até hoje unica e exclusivamente por consideração ao passado) e fomos. Meu namorado não quis ir. Ficou em casa quietinho. Doeu deixar ele lá e pensar que um potencial lindo dia de amor em baixo do edredom ficava para tráz. <br />
Fui madrinha dessa amiga e as exigências não eram poucas, cor de vestido diferente das demais mulheres presentes no altar, longo e sem brilho. Fiz o meu melhor e fui adequadamente arrumada. <br />
Quando chegamos, por termos saído da Tijuca na hora do almoço, estávamos todos com fome, mas a chuva fez com que tudo atrasasse. Esperei impaciente em cima de um implacável salto alto. Já no altar, vi o irmão da noiva, paquerinha antiga, com a esposa, do outro lado do ambiente que representava uma igreja. Vi ainda a mãe dela, tia Karla, linda, sempre magrinha e discreta, e a prima dela, que as vezes saia com a gente. E quando ela entrou, com o pai surfista que costumava nos levar a praia, me lembrei de quando ela me deu cola na prova de Quimica em 2001, em nós duas indo juntas para o cursinho pré-vestibular paralelo ao terceiro ano em 2002, e na aprovação dela em segundo lugar geral para a UFF. Me recordei ainda das vezes que ela dormiu na minha casa e nós ficamos conversando sobre aquele namoro e dos anos que ela ficou reclusa estudando pra passar em algum concurso, sem sequer ir a praia, seu lazer favorito. Pensei em quando ela foi aprovada para o emprego que sempre sonhou e por essa razão, teve que se mudar para Rondônia. Pensei em quando nós, ainda novinhas, passavamos as noites de sexta-feira no shoping Tijuca. E me dei conta de que quem estava ali era uma grande amiga, num momento mágico, de particular importância para a vida dela. E pensei que a chuva veio para que todos nós entendessemos que nenhum plano é maior do que o amor. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que o padre escolhido por ela era o mesmo que celebrava as nossas missas do colégio. Muito emocionante. Chorei a beça.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-89694556797671196912012-04-29T02:19:00.002-03:002012-04-29T02:26:25.996-03:00Não suporto sair feia nas fotos.Uma amiga comemorou o aniversário hoje numa boate. Hesitei em ir, mas fui convencida pela reação triste dela quando eu telefonei pra falar que não iria. Me vesti com o meu vestido mais novo e mais bonito. Pus um brinco vermelho, cordão e perfume. Quando encontrei o casal que me acompanharia, o rapaz me perguntou a razão do meu rosto estar inxado. Não soube responder, mas entendi: estava feia. Ao chegar no local, uma boate moderninha na Praça Tiradentes, percebi instantaneamente que a faixa etária dos frequentadores era muito diferente da nossa. Me mantive firme na intensão de me divertir, apesar desses detalhes. O dj do primeiro andar, velho conhecido meu dos tempos de Casa da Matriz, tocava boas músicas, mas era tanta gente jovem reunida que eu fui ficando nervosa. Cantei "The dog days are over" como se esse fosse o hit do momento e subi, atrás da amiga aniversariante. No terraço o espaço era maior e estava mais fresco, mas a música era péssima. Fiquei ali com ela um pouco, ensaiei alguns movimentos para acompanhar o bate estava insuportável e foi então que veio a merda que coroou a noite: Pedi ao namorado de um amigo para tirar uma foto nossa. Saí horrorosa, fiquei acabada. Meu cabelo saiu de duas cores e de duas texturas, como se fosse alisado, assustador. Meu braço transbordava de tal forma do espaço que é reservado a ele no meu corpo que invadia as minhas costas e os meus seios, e o meu rosto, de fato inxado, foi o toque final da desarmonia. Aquela imagem de mim mesma me entristeceu muito. Decidi ir embora sozinha, sem falar com ninguém. Enfrentei o maremoto de pós-adolescentes, peguei um taxi e vim pra casa. Me lembrei que quando fui estava me achando bonita e inclusive me perguntei o que faria se por ventura fosse assediada de alguma forma, já que sou apaixonada pelo meu namorado, ele está em São Paulo e eu não tenho a mínima vontade de beijar mais ninguém. Doce ilusão. Ninguém quis me beijar, nem eu mesma. <br />
Agora estou em casa, cansada, amargurada e com saudade dele. Vi que hoje teve um show do Kid Abelha, que completou 30 anos. Queria ter assistido.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-49326395023837912122012-04-14T23:07:00.001-03:002012-04-14T23:12:18.850-03:00difícil a beçaMeu namorado quando bebe fica igual a uma criança. Não sei lidar com isso. Hoje ele, que está lá em SP, saiu com uns amigos para beber as cinco da tarde. Já são onze da noite e ele ainda está lá bêbado e feliz. Tenho vontade de desligar o celular, ir pra casa da Matriz, me embreagar e só retornar na segunda-feira pra casa sem nem lembrar que ele existe. <br />
Entretanto, não posso fazer isso porque estou sem dinheiro, preciso estudar e corrigir provas. Aí cá estou eu nessa invenção do diabo que é o sábado a noite, escrevendo longos testamentos ao lado de cada resposta errada dos meus alunos na prova e com uma vontade enorme de chorar porque não estou com ele e ele está longe e eu ando insegura e louca. <br />
<br />
Prosac resolve?Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-12590224692664320422012-04-14T16:20:00.006-03:002012-04-14T16:27:05.605-03:00Dando aula para as paredes.Estou tendo sérias dificuldades para trabalhar como professora de duas escolas e fazer mestrado simultaneamente. São exercícios, testes, provas, simulados, textos e mais textos, tudo ao mesmo tempo. Não é fácil. Sinto muita inveja de quem, como diz aquela música do Pato Fu, é "sustentado pelo mundo", mas não esmoreço, sigo em frente sem pensar muito. Não tem outro jeito.<br />
Hoje, no entanto, me questionei se não é a hora de desistir. <br />
Durante toda a semana meus alunos da escola particular e do estado fizeram as primeiras provas bimestrais do ano. Na primeira sou professora de Sociologia e Filosofia e tenho apenas um tempo por semana de cada uma dessas disciplinas. Procuro construir reflexões com as turmas, a partir do conteúdo. Os alunos são poucos, viajados e cultos, mas muito alienados politicamente. Sinto que desenvolveram um carinho enorme por mim, me abraçam, beijam, elogiam e respeitam. Normalmente as discussões são proveitosas e eu saio de lá com a sensação de dever cumprido. <br />
No estado é tudo completamente diferente. São crianças pobres, desinteressadas e cheias de dificuldades. A maior parte nunca viajou. Também me tratam com carinho, mas participam pouco das discussões. Nas turmas da noite então... tudo tem que ser simplificado ao extremo para se tornar palatável. Dureza. <br />
Ao corrigir as provas de ambos os colégios, percebi, com tristeza, que nem lá nem cá, ninguém entendeu nada. Na escola particular, onde eu encho a prova de textos bons e questões interessantes, as respostas parecem conter de forma implicita a negação daqueles meninos e meninas a qualquer exercício novo de raciocínio. Não lêem os textos até o final e escrevem coisas sem sentido nas respostas. <br />
No estado basta dizer que em uma questão de múltipla escolha que perguntava o que era o Brasil antes da chegada da Família Real e que deveria ter resposta correta a letra "a) colônia", foi a letra "d) ilha deserta" a mais assinalada. Com a turma da noite deixei que houvesse consulta ao caderno e nem assim alguns alunos conseguiam responder as questões mais fáceis.<br />
Tenho a sensação de estar falando para as paredes. Me sinto inútil. Não posso dar notas baixíssimas em nenhum dos dois lugares, no primeiro porque os pais certamente reclamariam e eu seria mandada embora e no segundo porque o governo do estado do Rio de Janeiro (meu patrão) não permite, ameaçando inclusive diminuir a verba das escolas com pior rendimento bimestral.<br />
Hoje, no almoço, contei isso tudo para o meu pai, que disse que deve haver uma parcela de culpa minha nisso daí. Segundo ele, quando o professor envolve o aluno na aula e torna a matéria interessante, esse tipo de situação se torna menos frequente. Talvez ele esteja certo. Tive professores ao longo da minha vida escolar que davam verdadeiros shows. Tenho consciência que não sou igual a eles, mas faço com carinho e dedicação um trabalho digno. <br />
Noto que as disciplinas humanas instigam pouco os alunos a estudar. Eles sentem que podem enrolar com facilidade. Não sei se é culpa minha, mas nossa, que vontade de jogar tudo pro alto.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6425564732332009738.post-87640905767550533032012-04-14T15:46:00.000-03:002012-04-14T15:46:01.746-03:00Herança da mãe equivocada.Minha psicóloga uma vez me chamou atenção por eu sorrir ao falar sobre a minha mãe. Não tenho uma boa relação com a minha mãe. A maioria das pessoas tem tragédias pessoais que ressoam para todo o sempre. Minha mãe é isso pra mim. Não vou me ater a detalhes porque não dá pra contar isso sem ser cafona. Posso apenas dizer que ela costuma dizer que que minha bunda parece um aleijão de tão grande. <br />
A terapeuta tem razão, não se pode debochar desse tipo de comentário. Enquanto eu rio não enfrento o problema. O fato é que não estou podendo mais pagar a terapia, mas os resquicios dessa pegada down da minha projenitora são eternos e profundos.<br />
Tenho crises de carência esporádicas. Fico um saco. Quero um tipo de amor que ninguém pode me dar. Teimo em achar que meu namorado é muito menos meu do que aparenta ser. Sofro muito. <br />
Faço todas as idiotices de mulheres chatas, ligo várias vezes, choro, começo discussões intermináveis, procuro resquicios de possíveis deslealdades, encontro, escrevo poemas de amor ridículos, não durmo e me pergunto se essa relação vai dar certo, por quanto tempo nos amaremos e nos desejaremos tanto assim, entre muitas outras interrogações niilistas.<br />
Gostaria de ser mais segura e autonoma, de não precisar falar com ele antes de dormir, por exemplo. Acho que cobro dele o que não tenho na minha mãe. Maldito Freud que acertou tudo.Cihttp://www.blogger.com/profile/14650597798143159259noreply@blogger.com3