Madureira, três da tarde. Julho. Se chove ou faz sol, não importa, sempre há mais poeira na rua. Gente de um lado, gente do outro, gente a frente e atrás. Lixo na calçada e nos postes. Cachorros, gatos e homens perto dos restos de vidas pequenas. Lojas de mau gosto, camelôs, sandálias de plástico, verduras passadas e sorvete duvidoso. Lá estou eu.
Recebo uma ligação que oferece uma viagem longa para Paris. "Sim, eu vou, mas é claro". Corro com o passaporte, tiro o visto, provo minhas habilidades com o francês para garantir aos responsáveis que sou capaz de me entender com os nativos, separo as melhores roupas, compro as que são necessárias e, cautelosamente, conto para apenas alguns amigos. Antes de entrar no avião, sou avisada, no entanto, de que poderei passar apenas cinco minutos na capital francesa, com a qual tanto sonhei a vida inteira, especialmente nas últimas noites.
Decido ir porque penso que pior do que ter que voltar brevemente a Madureira, ou que mais triste do que permanecer para sempre lá, é nunca ter conhecido Paris. Mas ah, que dor no coração!
quinta-feira, 28 de julho de 2011
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Também opto pelos 5 minutos.
ResponderExcluirTempo de tomar um sorvete.
Pelo menos fui.
As chances de uma pessoa livre ser feliz são as mesmas em Madureira ou em Paris.
ResponderExcluirDa mesma forma que você não esperava receber o convite, os cinco minutos podem se tansformar em maravilhosos cinco dias!
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