quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ida à psiquiatra.

No último domingo, quando voltei da casa do meu namorado e sentei em frente ao computador para fazer todas as minhas tarefas, tive um surto. Me desesperei, comecei a chorar, senti dores no corpo e tremedeiras. Travei e não consegui resolver nada. Também não consegui dormir bem e na segunda-feira de manhã acordei pior, muito triste, com vontade de morrer e sem saber como fazer tanta coisa.
Saí para o trabalho, almocei, dei minhas aulas, enfrentei a fraqueza e a dor de cabeça, e vim embora. Quando estava na escola, a tarde, tomei a decisão de marcar uma consulta com a mesma psiquiatra que tratou da minha irmã há uns anos atrás. Marquei para terça mesmo.
Acordei ainda mal, fui para a aula do mestrado, almocei com duas amigas, peguei o metrô até Copacabana e as 14 horas estava lá, pronta para soluções instantâneas.
Foram duas horas e alguns minutos de consulta. Eu contei a ela a história da minha escolha profissional, da minha trajetória de trabalho, das escolas, do mestrado, do cansaço, da falta de dinheiro, da minha mãe que joga na minha cara que sempre me avisou que professor ganha pouco, das minhas noites mal dormidas, das dores no corpo e etc.
Foi então que ela me disse que o nosso corpo não aceita os esforços que não considera legítimos e que não me receitaria nenhum remédio, que eu tenho que mudar a minha vida. Ela me explicou que o investimento emocional e financeiro que eu faria em um remédio seria muito alto e não transformaria em nada a rotina, que o que eu preciso é me sentir amparada e compreendida e que nenhum remédio traz essa sensação. E disse ainda que eu não deveria tentar me enganar, que se eu não tivesse coragem de mudar a minha vida e fazer escolhas, continuaria me dando pela metade a todas as minhas atividades e que isso não seria problema nenhum se não me causasse sofrimento, mas já que causa, é preciso arranjar outra estratégia. Quando eu disse a ela que não consigo estudar com a cabeça cheia, ela falou que estudar é sempre á última coisa, justamente por ser a mais importante. Para estudar, é preciso ter a cabeça tranquila e os problemas resolvidas. Ou seja: sem paz de espírito, nada feito. E se há pessoas que funcionam de forma diferente, não é necessária a comparação. Eu sou eu e o inferno são os outros.
Saí de lá pensando nas minhas três atividades predominantes: Mestrado, que não é o que me sustenta financeiramente, mas é a minha prioridade, não sei se por intuição, amor, ou vaidade, escola do estado, que é longe e paga mal, mas cobra pouco e me permite uma maior flexibilidade para faltar quando há simpósios ou congressos, além de ser um lugar onde eu já me habituei a ir, fiz amigos e desenvolvi relações de carinho com os estudantes. E por último vem a escola particular, que me paga muito bem e é mais perto da minha casa, mas que me cobra MUITO, apesar de ter alunos super inteligentes e de valorizar os professores que se especializam. Me sinto bem nos dois lugares e sofreria para sair de ambos.
Ainda não sei bem o que fazer, mas estou tendendo a deixar a escola particular.
Estou mais calma. Fiquei feliz de a médica ter dito que eu não tenho nenhuma desconpensação hormonal e que a mudança está nas minhas mãos.
E me lembrei de um professor de Economia que eu tive no segundo período da faculdade que nos ensinou sobre o "custo de oportunidade", que é o valor de se fazer uma escolha. Quando deixamos de ir a praia para ir a uma aula, nunca saberemos o quanto teria sido bom ou ruim a praia. E vice-versa. Acho que a vida é isso. Nunca vamos saber o que é melhor ou não, mas temos que ter coragem para arriscar. É isso que nos leva pra frente.

3 comentários:

  1. Consulta valiosíssima! As vezes precisamos de um olhar estranho pra enxergar o que está diante de nós mas fazemos questão de fingir que não vemos.
    Aline

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  2. Não larga não, menina! Tudo na vida passa, e essa é a hora do sacrifício! Mais na frente vc vai olhar pra trás e ver que tudo valeu a pena, apesar de sofrido e mesmo doloroso! Mais ou menos como eu e os concursos, sabe? Força que vc consegue! No máximo vai procurando outra coisa, mas não larga sem nada em vista não!
    Bjs!

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