domingo, 25 de dezembro de 2011

manhã de Natal

Não está sol. Mamãe sai pra caminhar bem cedo. A cachorra chora. As rabanadas têm gosto de queimado. Durmo mais. Acordo e ligo o computador, várias mensagens de fraternidade e alegria. Leio o jornal, nada demais. Durmo de novo. Vovó está com gripe e não sai do quarto. Alimentamos a cachorra, que dorme com cara de desânimo.
O apartamento é novo, todo branco, com vazamentos. Vê-se a praia da janela, mas ir a praia não parece boa ideia porque não há assunto entre nós. Os colchões estão no chão da sala. Mamãe não sabe o que fazer com esse lugar. Os enfeites rústicos não combinam com o design clean. Ela está visivelmente frustrada e arrependida, queria ter comprado alguma coisa na Zona Sul. Quando ela teve dinheiro pra adquirir um imóvel em Copacabana por um preço bom, eu, que tinha 18 anos, a desencorajei porque gostava da Tijuca. Culpa eterna. Decidiu investir na Barra. A toa.
Interrompo o silêncio dizendo que vou comer queijo. Chamamos minha avó e então todas estão sentadas a mesa. Um principio de conversa se inícia. Minha irmã, no entanto, sem paciência nenhuma para confraternizar, se retira para preencher palavras cruzadas, mamãe sai pra ler mais um dos livros da Martha Medeiros que ela não termina e restamos eu e vovó, que me pergunta pela terceira vez o que vou fazer no ano-novo.
É meio dia. Não tem almoço. A comida de ontem não apetece. Alguém liga a televisão e vê um programa porcaria de domingo, onde toca Kenny G e uma banda de três irmãos feiosos, que fez sucesso há alguns anos, aparece cantando "Olhar 43" do RPM. Algumas mensagens de amor chegam pelo celular. Infeliz Natal.

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