quarta-feira, 9 de março de 2011

Lixo.

Ontem fiquei com preguiça de ir para os últimos blocos de Carnaval e fiquei em casa o dia inteiro. Recebi um e-mail muito esperado, dormi, vi novela e ouvi Legião Urbana. Só a noite me animei, passei uma porpurina nos olhos e fui pra Lapa bater papo.
É dispensável que eu fale aqui sobre o quanto todos nós nos sentimos amparados pelos Arcos tão democráticos e alegres da Lapa, no entanto se faz necessário que alguém limpe aquele lugar. Se em dias normais lá já tem valas de esgoto permanentes, no Carnaval a situação se agrava bastante. A Lapa parece uma piscina de xixi.
Eu, quando bebo ou como biscoito, guardo na bolsa o lixo até encontrar uma lata de lixo. Já trouxe lixo pra casa inúmeras vezes. Trato a rua com o mesmo respeito com que trato tudo o que é meu, por isso ainda, aguento esperar para fazer xixi no banheiro. É naive, eu sei, mas por que as pessoas não podem esperar? Eduardo Paes, que não foi em quem eu votei, mas a quem respeito bastante, tem tentado melhorar a situação instalando banheiros quimicos pela maioria das áreas por onde passam blocos, mas a eficiência dessa medida vai até a página 2. Os banheiros ficam imundos já nas primeiras horas e há pouca vigilância. Esses fatores somados a falta de educação da população carioca de qualquer classe social, nível cultural e amor no coração, faz com que a cidade fique suja de uma forma assustadora.
Me lembro de quando ter ido estudar no IFCS, que fica no Largo de São Francisco, ali atrás da Rua do Ouvidor, ter sonhado umas quatro vezes com uma grande faxina na área. Vejo, com olhos de furia, as pessoas que não limpam o cocô dos seus cachorrinhos, quando os levam, tão inocentes, para passear. Me pergunto como deve ser a casa dessas pessoas, a comida que cozinham e o banho que tomam.
Há quem se incomode com beijos gays. Há quem se incomode com gente gorda de barriga de fora. Há quem se incomode com o baixo-nível dos frequentadores do seu bairro. Eu me incomodo com sujeira. Me incomodo com a guimba de cigarro jogada no chão pelos meus amigos fumantes tão queridos e com a Avenida Brasil, que antes das seis da manhã de segunda feira, quando eu passo por ela para ir trabalhar, do Caju a Ramos, com destaque para o Parque União, parece um lixão a céu aberto. Me entristece a falta de carinho do povo carioca com a areia da praia e com o mar.
Quando vou a Ilha do Governador são constantes os devaneios sobre o dia em que eu, Cecília, ganharia os tais três desejos do gênio azul da lâmpada e pediria para que todas as águas fossem limpas.
Soa clichê meu discurso. É didático, políticamente correto e chato, mas é verdadeiro e, convenhamos, coerente.
Mudando de assunto, devo dizer, que talvez a parte mais emocionante do meu dia de ontem não tenha sido nem o e-mail, nem a novela, nem a Lapa. Me emociono sempre é com a Legião Urbana. Cantando "Faroeste Caboclo" me lembrei de quando eu e minha amiga Roberta Bárcia, aquela que gostava da Eduarda, levamos essa música para ler na aula de português da sexta série. O professor adorou, mas pouca gente entendeu.

2 comentários:

  1. Se o seu discurso é clichê, prazer, eu sou a senhora clichê.
    Uma das razões que me fazem deixar o Rio no carnaval é a sujeirada. O Rio já é imundo em épocas normais..o centro do Rio fede a xixi toda segunda feira. E a parada tá evoluindo agora não é só xixi é também vômito e bosta. Ou seja: não melhora.
    Não tem como o prefeito pegar pelo braço e levar até o banheiro.
    As pessoas muitas vezes se comportam como animais.
    Claro que o número de banheiros é insuficiente..mas porra..se vc tá num lugar que não terá banheiro para vc fazer..vá embora. Vá para outro lugar! Simples assim.
    E aí que eu não consigo conviver com isso..com esse tumulto e com essa falta de educação.
    Não tem um dia tbm que eu cruze a ponte e tbm não imagine as águas limpas..
    Enfim...
    Somos clichês!

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  2. É, não vou repetir o que você já falou. Todo mundo suja, até nossos amigos, e não dá pra fazer a patrulha da higiene all day long, senão nem a gente aguenta. O jeito, na maioria das vezes, é relevar.

    É muito bonito pregar amor ao Rio, Cidade Maravilhosa, o cacete a quatro, mas no primeiro desvio de cidadania, geral teima em dizer que a culpa é do governo. E até pra quem não se importa com a cidade, isso é questão de educação, simplesmente. Um copo a mais, uma guimba a mais no chão, em meio ao mar de copos e guimbas faz diferença sim.

    Outra coisa: é purpurina.

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