terça-feira, 29 de março de 2011

Papel pra sempre.

Estou aqui o dia inteiro olhando pro Word. Não sai nada. São questões de prova, textos e resumos. Nenhuma palavrinha sequer pula de mim. Já parei pra falar no telefone, já vi entrevistas no You Tube, já comi, tomei café e bebi Coca Zero. Já tomei banho duas vezes, acordei minha cachorra pra brincar e agora, só agora, decidi ouvir música. "Every body hurts" do R.E.M. bem alto, duas vezes, três vezes, para sempre.
Hoje é o último dia do Big Brother e quando o Big Brother acaba, eu que sou audiência para solidão, me sinto desamparada. Li que Diana e Natália foram ontem a um shoping comprar roupa juntas. Eu não participo mais da vida delas. Sentirei saudades.
Estou lendo na Piauí uma reportagem sobre Rodolfo Landin, ex-presidente da BR Distribuidora que tornou Eike Batista ainda mais rico. Os dois brigaram e Landin usou um bilhete do Luma guy para incriminá-lo. Ah, quanta força tem um bilhete! Como é profunda a verdade do pedaço de papel escrito sem cautela, letra bonita ou folha branca. É dura a página de Word que está diante de mim. Quero de hoje em diante só escrever bilhetes cheios de verdades como os do Veneno da madrugada ou cheios de amor, como o que eu recebi uma vez num debate sobre aquele filme "O ano em que meus pais saíram de férias" e nunca esqueci.
E tinham os bilhetes que eu e a Maria Isabel, minha amiga do Ensino Médio, trocávamos na aula de Física do João Luís, professor pequenininho de cabelo branco que insistia sem sucesso em me mandar sentar lá na frente, coitado.
Vejo as pessoas soltando tigres e leões por conta do Obama e do Bolsonaro e enquanto isso o dono dos bichos, José Celso Martinez Correia, por ternura ou por dinheiro, confirma sua participação na próxima novela das seis. E eu vou dizer pra vocês, gostei da Courtney Love antes de gostar do Kurt Cobain. Comprei meu primeiro cd do Hole no dia 8 de dezembro de 1995 e nunca esqueci. Mas eterno mesmo é o Nirvanna. E os bilhetes.

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E eu ainda ouço a sua voz na voz de todos eles e vejo o seu rosto no rosto deles, como em Paris Texas, mas já te deixei ir embora e já nem sei mais onde estão seus bilhetes.

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