segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu o amava tanto que nunca senti paz enquanto pensava nele. E com o tempo a minha paixão se acomodava, ia pro cantinho e doia em silêncio. Mas nos poucos, raros encontros, tudo mudava, tudo voltava, tudo ficava pior.
Era início de janeiro num desses anos de Copa do Mundo. Fazia frio em janeiro e eu, que nunca uso calça jeans, usei naquele dia. Olhei pra ele com a expressão de quem encontrou. Entendi que talvez a expressão dele fosse a mesma.
Por meses eu investi sem esperar muita coisa em troca. Era verão e no verão uma coisa é sempre mais encantadora do que a outra.
Um dia ele me convidou para uma palestra no Leblom. Lá havia poucas pessoas, algumas meninas intelectuais, uma italiana cineasta e uma senhora que usava apenas maiô e canga, mesmo a noite. Não foi ali que a coisa toda aconteceu, mas certamente se eu não tivesse aceitado o convite, nada teria acontecido.
De lá pra cá, passei grande parte dos meus suspiros me perguntando como teria sido se fosse diferente. O que foi é insatisfatório e talvez por isso mesmo seja marcante.
No dia do primeiro beijo ele me prometeu sopa de ervilha, discussões aprofundadas e imperfeições. Quis ele pra mim ali. Passou uma semana, duas... e ele não foi meu.
Houve poucos beijos. Grande mesmo era a minha ilusão.
Teve um dia que eu gritei com ele num show de rock enquanto o dj tocava Yelow submarine. Eu me superestimava. Não era nada pra ele.
E assim veio o ano seguinte e mais um e eu me acalmei.
Alguns verões mais tarde, o procurei novamente. Dessa vez fomos mais longe e eu não sei explicar o que era verdade e o que era mentira em mim e nele.
Quando ele foi embora, dessa última vez, aí sim, foi uma merda.
Não pude evitar que novos gritos acontecessem. Hesitei, mas não consegui impedir a minha cobrança anacrônica. Vieram palavras que eu não gostaria de ter ouvido. Não sei se me arrependi.
Na última primavera, que parecia verão, o vi em outro lugar, com outra pessoa.
Tenho a sensação de que ele bagunça tudo o que eu demoro longas noites para acomodar. Estou há dias enlouquecendo.
Não nego o caráter patológico e patético dos meus sentimentos.
Não sei se quero que ele seja feliz. Quem precisa ser feliz sou eu.

2 comentários:

  1. te procurei no show, antes do Otto comecar a cantar. Muita gente, cel ruim, acabou que a gente nao se viu.
    Depois vi a sua msg sobre os dias de janeiro. Sorri.
    Eu te entendo menina, eu te entendo.
    beijos.

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  2. Eu te amo tanto. Não adianta, tem coisas que são pra sempre... Fico me perguntando as vezes o que seriamos nós sem isso....

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