Não é sobre solidão que trata o filme de Matheus Nachtergaele, "A festa da menina morta". É sobre tudo que há de humano no sagrado, sobre a moral que se torna invisível diante da fé. Não é a verdade que os miseráveis, os pais culpados e os abandonados, procuram, é a paz.
Gente que sofre quer sossego, quer acomodar a sua dor em espaços escondidos e Nachtergaele compreende isso, fazendo a inquietude do sofrimento de seus personagens latejar em cada movimento de câmera.
A Amazônia de amores perdidos e novelas baratas existe em Copacabana também. A confusão entre a dureza permitida e o impropério, o cansaço, as lágrimas e a porrada inevitável fazem com que o pecado seja um doce caminho. Penoso é ser santo. E diante disso, quem carrega esse fardo, é livre para puxar os cabelos de quem desperta o seu ciúme e para despir-se em luxuria diante de um pai que é amante solto, a quem se perdoa os desvios.
O Santo é livre para rejeitar a mãe que ameaça o seu flagelo, só ele pode abençoar o povo pagão que o adora. Só ele cura, só ele tem as respostas. E é esse povo que bebe cerveja e inventa shows profanos durante as mais calorosas vigílias que nutre o menino-anjo, não com amor, mas com resignação. Sempre.
Quero ver primeiro, depois comento melhor ...
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