quinta-feira, 25 de junho de 2009

João, Antônio e o outro.

Uma e meia da manhã de uma quarta feira quase quinta. A cama é quente, o mundo não. De madrugada o homem perfeito existe. A família dele mora longe, ele não é daqui. O sorriso dele é boniiiiito e ele me acorda com os romantismos certos. Mas depois de um tempo ninguém quer ser acordado, nem pelo Brad Pitt. O tal homem perfeito que poderia ser baiano e se chamar João ou Antônio não é suficiente pra me fazer esquecer o outro. João ou Antônio vai sempre na minha frente, sabe o nome de todas as ruas e o número dos ônibus, inclusive dos que vão pra Cascadura.
João ou Antônio gosta de novela e de feijoada. É flamengo e dorme tarde. Não é sofisticado, assim como o outro não era, mas conhece Pavement(que está tocando agora no rádio para salvar a noite). João ou Antônio, baiano de 32 anos gosta de cachorros e não é vaídoso. Vamos a praia juntos e a São Paulo também. João ou Antônio sabe desenhar e vai ao cinema comigo no sábado a noite. Ah sim, claro, João ou Antônio transa maravilhosamente bem, fala as mais baixas sacanagens no meu ouvido e me acha gostosíssima, mesmo com os meus dez quilos a mais. João ou Antônio votou no Lula e gosta das músicas velhas do Paralamas. Ele me dá presentes que têm a ver comigo, coisa que o outro não fazia. O outro dava presentes que falavam sobre ele e não sobre mim (sim, houve uma excessão, mas não vem ao caso). João ou Antônio não conta histórias intermináveis sobre a adolescencia pobre no suburbio e sim, ele paga as contas mais importantes. O outro também pagava, ambos foram bem educados e sabem tratar as mulheres, mas João ou Antônio não diz que eu pareço com atrizes aleatórias, nem usa mochila quando sai no sábado a noite. João ou Antônio é bem moreno e não segue nenhuma religião. Ah sim, muito importante: João ou Antônio fala baixo e não imita a voz dos colegas de trabalho. Meu João não joga lixo na rua e Antônio, meu principe, não é homofóbico.
Se João ou Antônio existisse ele poderia se chamar Plínio, ter 24 anos e não precisaria ter a metade das características enumeradas acima, mas tinha que gostar de mim, coisa que o outro não soube fazer.

4 comentários:

  1. Texto lindo querida! é bem isso, as vezes tudo que a procura nao é o que a gente precisa
    bjao

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  2. Tô gostando de ler essas inconfidências. Tomara que esteja te fazendo bem. Já tomei desse remédio e funcionou. Só espero que não pare de escrever. ;)

    (o 607 vai pra Cascadura e passa perto da tua casa)

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  3. Cecis, A-M-E-I, já li várias vezes....sabe o que isso me lembrou, da viagem para araras..e a da trilha sonora, "não vem que não tem", rsrsr, Baronesa

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