domingo, 10 de outubro de 2010

Tropa de elite.

Fui ver Tropa de elite II hoje, terceiro dia de exibição do filme. Tentei ontem e ante-ontem em vários cinemas, mas dei com a cara na porta. Era tanta gente nas bilheterias que me lembrei de Titanic. Nunca na minha história de cinéfila nesse país vi um filme brasileiro causar tamanha comoção. Qual a razão?
Tropa de elite é uma catarse. Nos sentimos amparados pelo Capitão Nascimento, pela honestidade e firmeza dele. Apertamos o gatilho junto com ele a cada tiro sem misericórdia que é dado no filme.
Em 2007 o filme marcou não só por ter sido distribuído ilegalmente antes entrar em cartaz, mas por ter jogado a merda no ventilador. Ao ver o filme, eu, aspirante a intelectual, engoli a seco minhas posturas e senti vergonha da minha ignorância e inutilidade.
O primeiro Tropa de elite é engraçado. As expressões lançadas ali são recorrentes até hoje. Rimos dos policiais corruptos sendo mal sucedidos. Rimos da forma despojada com que o diretor do filme escancarou a PM. Rimos para não chorar. Poderíamos ter saído incólumes dali. Alguns saíram se sentindo vingados. A pulga atrás da orelha não é para todos. A reflexão fantasiada de fanfarronice parecia leve, mas era apenas uma preparação. Era um aperitivo para a porrada que veio agora.
Multidões estão indo ao cinema para levar a porrada. Cidadãos que votam em Dilma ou Serra, que comem no Mc Donald's ou no Porcão, que frequentam os cinemas do grupo Estação ou que só gostam de blockbusters, todos estão enfrentando filas para levar uma porrada irreversível.
Tropa de elite II é para sentar e chorar. Desse ninguém sai da mesma forma como entrou. Agora não se tem mais do que rir. É um tratado sobre o Brasil que está doente, mas é também um fio de esperança sobre gente honesta. Existe gente honesta, pouca, mas existe.
Saí do cinema triste. Demorei pra levantar da cadeira.
Jantei fora depois. Não sei se a vida continua.

Um comentário:

  1. Tropa de elite, na minha opinião, é um filme que deveria antes de iniciar explicitar seu propósito. Algumas pessoas parecem não notar que aquilo não é legal e acham o episódio do saco, por exemplo, um fato bacana de se ver comendo pipoca... Comparam o nosso capitão Nascimento ao Schwarzenegger ou ao Rocky Balboa, mas nossa história é bem diferente e por aqui, diferente de Hollywood, nem sempre o mocinho se dá bem no final...Ótimo texto. Bj!

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