Quarto claro, banheiro com azulejos antigos, limpos, sem cheiro. Chão de ladrilhos. Cama dura. Eu te amo nesse final de tarde quente de verão cansado, de verão de dores acumuladas e de desejos soltos. Não te quero pra mim, não me interessam o seguro de vida, a madrugada e o portão de casa. Quero de você a rua e a cama. São beijos ansiosos, mãos no rosto, dentes e cabelo preso. Você é meu. Eu sou sua.
Tem força, sussuros, pedidos, blefes. O quarto, a cama, o jogo. A noite começa, é você quem manda.
Não durmo mais.
sábado, 30 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
Acomodação.
Tenho horror a pessoas que param a vida para fazer concurso público. Me sinto angustiada só de pensar no quanto é mediocre ter que frequentar aulas de cursinho, reaprender o que é ditongo, tritongo e hiato e escolher na sorte as respostas da prova de matemática em tardes de domingos de sol. Pra mim é uma ilusão. O salário de 17 mil vem de verdade para poucos. Os brilhantes passam de primeira, sem Academia do Concurso ou qualquer genérico e deixam do lado de fora homens e mulheres que só queriam estabilidade.
O sonho da casa própria, com carro na garagem e viagem de férias com os possíveis filhos depende dos 17 mil. É preciso estar atento e forte sempre. Eu sou distraída. Não nasci pra isso.
Minha mãe conta que uma paciente dela que é juíza, estudou tanto pra passar que só soube que o muro de Berlin tinha caído um ano depois. Que juíza pode arbitrar qualquer coisa se ignora a queda do Socialismo? Que pessoa pode se isolar assim impunemente?
Vou ao cinema depois do trabalho, pago quase todas as minhas contas e só. Minhas ilusões amorosas já são suficientes. Entre fazer a hora e esperar acontecer estou eu, feliz.
O sonho da casa própria, com carro na garagem e viagem de férias com os possíveis filhos depende dos 17 mil. É preciso estar atento e forte sempre. Eu sou distraída. Não nasci pra isso.
Minha mãe conta que uma paciente dela que é juíza, estudou tanto pra passar que só soube que o muro de Berlin tinha caído um ano depois. Que juíza pode arbitrar qualquer coisa se ignora a queda do Socialismo? Que pessoa pode se isolar assim impunemente?
Vou ao cinema depois do trabalho, pago quase todas as minhas contas e só. Minhas ilusões amorosas já são suficientes. Entre fazer a hora e esperar acontecer estou eu, feliz.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Cotidiano.
Às seis da manhã de uma quinta-feira de verão fazer dieta parece fácil. Bebo água e quero ele de volta. As nove e meia saio de casa certa de que minhas intenções de ser mais magra são tão nobres que certamente serão recompensadas no caminho. A manhã é rápida e se eu almoçar ainda tenho o resto do dia inteiro para alcançar meu objetivo de entrar numa calça 42. Três da tarde e eu não consigo esquecer. Seis horas a Ave Maria toca sorrateira e eu estou livre. Ele não é meu. Posso ser feliz comendo chocolate. No ônibus, as oito da noite, i'm dancing whith myself-oh oh oh oh. Em casa a madrugada é dura. Sinto sono. Perdi.
E é assim sempre.
E é assim sempre.
domingo, 3 de janeiro de 2010
Eu não tenho talento, só coração.
Algumas pessoas são contempladas com a materialização do amor. Outras são presenteadas com a magreza e algumas nascem sabendo cantar, desenhar ou fazer contas. Constantemente penso em como deve ser a convivência com esses talentos que não possuo e percebo que, por conta das demais dificuldades inerentes a existência, quase ninguém se dá conta do que têm.
Nessa época muito se fala sobre os planos para o ano que se inicia. Meus objetivos para 2010 são os mesmos de 2009 e são poucos. Não sei construir metas, datas-limite ou revanches. Não planejo caber numa calça 42, a Europa não deve vir por agora, não tenho perspectivas de me casar e minha inteligência continua indo até a página sete.
Hoje, um domingo de sol bonito, me senti sozinha e entediada. Nada para fazer, ninguém para amar e telefone sem tocar.
Eu certamente seria mais feliz se soubesse rebolar, mas não fui questionada sobre o que queria pra mim. Continuarei assistindo o mundo acontecer.
Nessa época muito se fala sobre os planos para o ano que se inicia. Meus objetivos para 2010 são os mesmos de 2009 e são poucos. Não sei construir metas, datas-limite ou revanches. Não planejo caber numa calça 42, a Europa não deve vir por agora, não tenho perspectivas de me casar e minha inteligência continua indo até a página sete.
Hoje, um domingo de sol bonito, me senti sozinha e entediada. Nada para fazer, ninguém para amar e telefone sem tocar.
Eu certamente seria mais feliz se soubesse rebolar, mas não fui questionada sobre o que queria pra mim. Continuarei assistindo o mundo acontecer.
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