Decidi então escrever aqui, nesse espaço que abandonei por medo de me expor aos urubus que adoram ser expectadores da minha tragédia, um registro sobre isso:
Eu descomemoro junto com eles
Descomemoro as longas e dolorosas exposições sobre um período escuro da nossa história
Da minha História
Descomemoro o ressentimento
Os perdões não ditos
E o rompimento de todas as trajetórias finalizadas antes da hora
Eu descomemoro a arrogância
A utopia
E o descaso com as circunstâncias
Descomemoro todos os dias os lugares onde não se pode ir mais
Os lugares que poderiam e deveriam ser nobres, mas que se mantém austeros sobre saltos de cristal frágeis
O amor e a sabedoria desperdiçados
Eu descomemoro o silêncio
E as tantas pedras atiradas
Descomemoro o meu renascimento atravancado
As mãos e compaixões lavadas.
Eu os descomemoro
E os percebo muito parecidos com aqueles que são descomemorados por eles
Eu me descomemoro
Mas espero que essa tristeza chegue ao fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Conte-me tudo.