terça-feira, 11 de setembro de 2012

Nacib

Recentemente li "Gabriela" do Jorge Amado, como vocês sabem, e, como talvez seja a tendência geral de todas as mulheres, me identifiquei com a protagonista em vários aspectos: na dificuldade para se adaptar aos sapatos fechados e no não saber disfarçar o sono em conferências de pessoas importantes. Gabriela não pertence ao mundo em que vive, essa é uma angustia e tanto.
Porém, no último feriado, a vida me concedeu a oportunidade de ocupar um outro lugar: o de quem, justamente por estar extremamente inserido no mundo em que vive, sofre. Passei a ser Nacib agora.
Nacib, homem corpulento, amável e empreendedor, ao se apaixonar por Gabriela, quis fazer para ela tudo o que pode ser feito de melhor a uma mulher. Quando se deu conta de que ela o fazia feliz, parou de pensar no que os outros diriam e a levou com ele. Algumas de suas imperfeições admitia, outras tentava consertar. E assim passando os dias, foram sendo um casal.
Mas acontece que um dia o desejo de liberdade de Gabriela foi maior do que o amor que ela sentia por Nacib porque para algumas pessoas o amor não é compátivel com amarras, mesmo que pequenas. E, sem grandes crises de consciência, ela o traiu. Não o fez por paixão, mas pela ousadia de achar que tinha esse direito. Fez porque precisava conquistar e se sentir conquistada.
Ah, se Gabriela soubesse a tristeza e a humilhação que causaria em Nacib, o enorme arrependimento que ele sentiria por ter entregado seu mundo nas mãos da moça, talvez não tivesse ficado quieta. Nacib se afasta de Gabriela no livro e retoma a sua antiga rotina depois de muito chorar. Volta a ver uma mulher hoje e outra amanhã, dorme sozinho e frequenta os eventos que a cidade proporciona. Nas últimas páginas, no entanto, ele aceita Gabriela novamente, mas entende que para ser feliz com ela, não poderia ser apaixonado. Nacib perde a candura e deixa para sua amada a tarefa de ser espontânea. Para ele isso não serve.
Pobre Nacib, sábio Nacib.
Duro pra mim.

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