sexta-feira, 12 de março de 2010

O dia dele.

Todos os dias ele toma café antes de sair. Não ouve músicas repetidas, sempre vai de metrô e evita os eventuais conhecidos que encontra pelo caminho. Quando chega lava o rosto. Olha pela janela o movimento dos carros, sente fome, se distrai com um telefonema qualquer e trabalha. Chega a moça de saia preta. Sempre repara no quanto as roupas dela são bem passadas e sóbrias. Trabalha concentrado. Ouve o som ambiente, rádio modernosa, a obra na casa do funcionário ao lado, instruções vãs dadas por um supervisor qualquer a um errante, bom dia bom dia e já são onze e meia. Não come arroz, sente sede quando pede suco e hoje reparou que no prato da moça impecável tinha sushi, feijão e farofa. Volta no sol, sente sono e ri de uma piada qualquer que ouve no elevador. Se surpreende com a morte de um ator de novelas, não vê muita novela, mas se lembra de uma com esse ator. Passou há uns 15 anos, as meninas da escola comentavam. Uma delas se chamava Maria e usava fitinhas de pano amarradas ao tornozelo. Não sabe o que foi feito dela. Da última vez que a viu estava lora e não se falaram. Tomou mais café, respondeu perguntas, escreveu e-mails e atendeu a mãe no telefone. Saiu as seis, olhou o jornal, foi ao cinema e voltou de ônibus. Tomou cerveja com colegas da faculdade. Voltou tarde e feliz. Vou casar com ele.

2 comentários:

  1. tem mesmo, é sua versão masculina!!!!
    :D

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  2. Adoro quando você (d)escreve assim, leve e complexo ao mesmo tempo!

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