quarta-feira, 25 de julho de 2012

Gabriela e o mundo proibido.

Estou lendo "Gabriela". Toquei o foda-se para os trabalhos finais das disciplinas do mestrado. Férias devem ser férias e não serei eu que vou subverter isso. Se as pessoas leêm mil textos a cada sábado, se dormem duas horas por noite, se se tornam melhores amigas das garrafas térmicas de café, fico (in)feliz por elas. Eu ainda não estou assim. Sei que esse momento chegará, mas não é agora. Agora não dá.
Agora decidi ler "Gabriela". Pensei em ler faz algum tempo. Pensei que devia ser uma história bonita. Não quis que a novela fosse exibida sem que eu tivesse lido o livro. Comprei no sábado, primeiro dia de recesso libertário, comecei a ler no domingo e não desgrudei mais da história. Ocorre que Gabriela não é só a história da morena bonita que conquista o patrão. Ela é só um enfeite. O livro fala mesmo sobre um mundo em decadência, dos coronéis, de mortes inexplicadas, cidades pequenas, trabalho semi-escravos, prostitutas felizes e esposas tristes; em conflito com a modernidade (tudo que e´sólido desmancha no ar) dos grandes investidores, do apreço a lei, das mulheres livres e da nova noção de honestidade.
O caso de Gabriela todo mundo conhece. O passarinho que canta bonito na árvore, mas que se entristece na gaiola, a mulher sem ambição, a disponibilidade total para servir sem que isso a torne passiva. Disso todos já sabemos faz tempo. O que surpreende é o embate entre o coronel Ramiro Bastos, que é obrigado a assistir seu reinado desabar, e o exportador carioca Mundinho Falcão, homem ousado e esperto, expoente do desenvolvimento. E fazem palpitar o coração, as histórias de Malvina, mulher de caráter, e de Sinhazinha, apaixonada pelo dentista.
Quanto prazer este livro está me dando! Lê-lo tem tido um sabor de renovação e crescimento que não senti o ano inteiro com os textos da faculdade. Me sinto na inquisição, lendo livros do Index. Não me arrependo.

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