terça-feira, 31 de julho de 2012

As atividades acadêmicas não têm me mobilizado. Não quero escrever artigos, trabalhos finais e relatórios. Estou num momento de cotemplação e transformação de ideias. Curar a micose das unhas dos pés, mudar a alimentação, ler literatura, ver novela, namorar, caminhar no Aterro do Flamengo no domingo de sol (sou tijucana e nunca tinha feito isso), assistir vídeos do Marcelo Freixo explicando suas propostas e fazer companhia a miha cachorra têm sido meus afazeres favoritos. Sou improdutiva quando estou feliz. Isso vai mudar.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Gabriela e o mundo proibido.

Estou lendo "Gabriela". Toquei o foda-se para os trabalhos finais das disciplinas do mestrado. Férias devem ser férias e não serei eu que vou subverter isso. Se as pessoas leêm mil textos a cada sábado, se dormem duas horas por noite, se se tornam melhores amigas das garrafas térmicas de café, fico (in)feliz por elas. Eu ainda não estou assim. Sei que esse momento chegará, mas não é agora. Agora não dá.
Agora decidi ler "Gabriela". Pensei em ler faz algum tempo. Pensei que devia ser uma história bonita. Não quis que a novela fosse exibida sem que eu tivesse lido o livro. Comprei no sábado, primeiro dia de recesso libertário, comecei a ler no domingo e não desgrudei mais da história. Ocorre que Gabriela não é só a história da morena bonita que conquista o patrão. Ela é só um enfeite. O livro fala mesmo sobre um mundo em decadência, dos coronéis, de mortes inexplicadas, cidades pequenas, trabalho semi-escravos, prostitutas felizes e esposas tristes; em conflito com a modernidade (tudo que e´sólido desmancha no ar) dos grandes investidores, do apreço a lei, das mulheres livres e da nova noção de honestidade.
O caso de Gabriela todo mundo conhece. O passarinho que canta bonito na árvore, mas que se entristece na gaiola, a mulher sem ambição, a disponibilidade total para servir sem que isso a torne passiva. Disso todos já sabemos faz tempo. O que surpreende é o embate entre o coronel Ramiro Bastos, que é obrigado a assistir seu reinado desabar, e o exportador carioca Mundinho Falcão, homem ousado e esperto, expoente do desenvolvimento. E fazem palpitar o coração, as histórias de Malvina, mulher de caráter, e de Sinhazinha, apaixonada pelo dentista.
Quanto prazer este livro está me dando! Lê-lo tem tido um sabor de renovação e crescimento que não senti o ano inteiro com os textos da faculdade. Me sinto na inquisição, lendo livros do Index. Não me arrependo.

sábado, 14 de julho de 2012

O inferno são os outros.

Para quem são nossas fotos no Facebook? Quando emagrecemos, fazemos isso por nós ou pelos outros? E quando passamos batom?
Se não houvesse os outros, certamente seríamos mais verdadeiros e felizes, mas não conhecemos a vida sem eles.
Os outros estão sempre lá, analisando nossos passos, sendo expectadores da luta e da tragédia. Eles desconfiam tanto da legitimidade das nossas ações que nós começamos a agir de forma a persuadi-los de que tudo em nós é impecável. Ah, os outros... Nascemos deles, como fugir?
Damos tantas satisfações aos outros que quando deitamos na cama nos resta dormir para não haver questionamento sobre o que, de fato, nos pertence.
Um dia, quando formos velhos e pudermos ser apenas o que somos, sem amarras e rodeios, talvez consigamos enxergar que uma vida de sinceridade teria sido muito mais bonita de se recordar e nos daremos conta do quanto fomos bestas.